| 2003
Uma política económica inimiga dos investidores
Entre 2002 e 2004, o Governo foi liderado pelo social-democrata, Durão Barroso. Apesar da cor política do Executivo, um outro nome sonante do PSD, Miguel Cadilhe, não se coibia de criticar a situação em matéria de investimento. Miguel Cadilhe tinha sido ministro das Finanças entre 1985 e 1991 (durante dois governos) e em 2003 ocupava o cargo de presidente da API (Agência Portuguesa para o Investimento). Na qualidade de líder da API, Miguel Cadilhe proclamava que com a política económica que estava a ser seguida pelo Governo não era possível captar investidores. As suas declarações fizeram a manchete do Negócios a 14 de maio de 2003. "Não me peçam para estar calado até porque sou presidente da API. A confiança está muito mal e assim a agência não arranja investidores", afirmou Miguel Cadilhe durante um jantar-debate promovido no Porto. "Hoje em dia temos de, pelo menos, evitar perdas de competitividade e, sempre que possível, conseguir ganhos de competitividade, o que não é fácil, mas é possível com determinação reformadora que parece estar existindo", afirma Cadilhe ao Negócios.
O aviso de que as SCUT iam deixar de ser gratuitas
"O Governo quer instituir o princípio de utilizador-pagador no setor das autoestradas, do Ensino e da Saúde". A notícia foi publicada a 12 de maio, citando o então secretário de Estado do Orçamento, Norberto Rosa. "Algumas autoestradas que inicialmente eram SCUT (sem custos para os utilizadores), serão objeto de portagem. Cada concessão será estudada caso a caso", acrescentava. O debate sobre as SCUT e o facto do seu pagamento ser um entrave ao desenvolvimento do interior do país mantém-se atual ao fim de 20 anos. O sistema de "projet finance" que esteve na base das SCUT foi criado por João Cravinho, enquanto ministro do Equipamento Social, entre 1996 e 1999, de um governo liderado por António Guterres, e prosseguido pelo seu sucessor, Jorge Coelho. Além da introdução do pagamento nas SCUT, Rosa avisava que o mesmo princípio se iria estender ao ensino e à saúde, deixando o SNS de ser tendencialmente gratuito.