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OCDE alinha previsões com Bruxelas e FMI e está mais otimista que Medina no défice

O trio de organizações internacionais de referência aponta agora para mais de 2% de crescimento em 2023. Nas previsões orçamentais, a OCDE também espera que o Governo vá além das metas de défice e dívida para este ano.

Reuters
07 de Junho de 2023 às 08:00
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Depois da Comissão Europeia (CE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), é agora a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que revê em alta as projeções para a economia portuguesa. A organização com sede em Paris espera uma subida do PIB em 2,5% para este ano, apoiada pelas exportações e pelas expectativas de execução dos fundos europeus, de acordo com um novo relatório de previsões divulgado nesta quarta-feira.


O trio de organizações com previsões de referência para economia portuguesa – OCDE, FMI (2,6%) e CE (2,4%) – acredita agora numa expansão acima de 2%, depois de as contas nacionais do primeiro trimestre terem surpreendido, com uma variação real do PIB de 1,6% em cadeia, e de 2,5% em termos homólogos. As previsões do Governo – anteriores, de abril – apontaram para 1,8% de crescimento anual, tal como as do Banco de Portugal (BdP) - de março, e que serão atualizadas na próxima semana.


Já para 2024, a OCDE tem uma atualização mais tímida. Espera no próximo ano um crescimento de 1,5% apenas no PIB português. Bruxelas, por exemplo, antecipa 1,8%. Por cá, o BdP vê 2% e admitiu recentemente crescimentos "robustos" para o médio prazo, segundo alguns dados preliminares sobre o próximo Boletim Económico apresentados pela vice-governadora Clara Raposo.


O bom desempenho das exportações - sobretudo, as dos serviços – tem permitido maior otimismo nas projeções para a economia portuguesa, mas num retrato que apesar de tudo é ambivalente. "O gasto de fundos europeus está a impulsionar significativamente o investimento público, mas a incerteza elevada e a subida das taxas de juro vai continuar a pesar contra o investimento das empresas e na habitação. A aceleração projetada da atividade entre os parceiros comerciais apoiará as exportações. Apesar dos desenvolvimentos salariais dinâmicos, o crescimento do consumo irá moderar à medida que as subidas de emprego surgem mais atenuadas, a inflação elevada continua a reduzir o poder de compra e o aumento nas taxas de juro eleva os custos com serviço de dívida", resume a OCDE sobre o ano que corre.


Nas previsões para 2023, a OCDE conta que a procura externa líquida – a diferença entre importações e exportações de bens e serviços - contribua com 2,2 pontos percentuais para os 2,5% de crescimento antecipado. O impacto da procura interna será ainda positivo, mas com o consumo privado em forte desaceleração (0,6%), formação bruta de capital fixo a subir ao ritmo do ano anterior (3,1%) e consumo público a melhor um pouco (para um crescimento de 2,6%). A quebra de stocks - ou variação de existências - vai continuar a penalizar também os dados do investimento e do PIB. Segundo a OCDE, a venda de stocks vai pesar 1 ponto percentual negativo no crescimento anual.


Em termos globais, a OCDE vê o crescimento da economia mundial desacelerar para 2,7% neste ano e melhorar um pouco para 2,9% em 2024, com um forte apoio das economias da Ásia. Na OCDE, a previsão é de subida de 1,4% no PIB do grupo das economias avançadas para os dois anos. Para a Zona Euro, a expectativa é de um crescimento de 0,9% neste ano e de 1,5% no próximo.


Mais inflação e menos défice


Se as previsões de crescimento da OCDE para Portugal surgem melhoradas, as da inflação deterioram-se. A organização espera agora uma inflação anual de 5,7% neste ano em Portugal, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor. O valor está acima dos 5,1% projetados pela Comissão Europeia e pelo Ministério das Finanças, assim como dos 5,5% antecipados pelo BdP e dos 5,6% previstos mais recentemente pelo FMI.


De resto – tal como para o conjunto das economias do grupo -, a organização alerta para a persistência das pressões inflacionistas. Retirando energia e alimentação do capaz de preços, a inflação subjacente deverá manter-se neste ano ainda em 4,7% em Portugal. Na média da OCDE, ficará em 6,5%.


A execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, os apoios em resposta à subida de preços e também uma evolução do emprego e de salários acima do esperado poderão retardar o processo de desinflação, segundo a organização.


No que toca às perspetivas orçamentais, por fim, as novas projeções da OCDE vêm alinhar-se com aquelas que foram feitas por Bruxelas no pacote de Primavera relativamente a Portugal. Tal como a Comissão Europeia, a organização liderada por Mathias Cormann está à espera de melhores resultados do que aqueles que o ministro das Finanças, Fernando Medina, fixou nas metas do Programa de Estabilidade apresentado em abril.


Para 2023, a OCDE antecipa um défice de 0,1% (igual em 2024), num melhor resultado que o défice de 0,4% esperado por Medina. O corte na dívida pública também poderá ir um pouco mais longe, com a organização a esperar um rácio de 106,2% do PIB em 2023 e de 102,9% do PIB em 2024 (107,5% e 103% do PIB, nas previsões do Ministério das Finanças).

 

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