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Nova guerra de tarifas à vista com fim das negociações entre os EUA e União Europeia

As negociações entre os EUA e a UE sobre os subsídios concedidos às fabricantes de aeronaves chegaram a um impasse, pelo que Bruxelas admite avançar já em julho com tarifas de milhares de milhões de euros sobre importações norte-americanas, assim que tenha luz verde da OMC.

09 de Junho de 2020 às 15:06
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A União Europeia confirmou esta terça-feira, 9 de junho, que as negociações entre o bloco e os Estados Unidos em torno dos subsídios concedidos às fabricantes de aeronaves foram interrompidas, abrindo caminho a uma guerra de tarifas entre as duas potências.

 

Isto porque a UE tem um processo a correr na Organização Mundial do Comércio (OMC) em que contesta a legalidade dos subsídios concedidos pelos Estados Unidos à norte-americana Boeing, que deverá ficar decidido já em julho, de acordo com o comissário europeu do Comércio Phil Hogan.

 

Se a OMC der razão à UE – tal como deu aos Estados Unidos no caso dos apoios à Airbus – o bloco poderá avançar com tarifas de milhares de milhões de euros sobre as exportações norte-americanas já a partir do próximo mês.

 

O objetivo das negociações entre a UE e os EUA, que chegaram agora a um impasse, era precisamente prolongar uma trégua alcançada em julho de 2018 e evitar esta guerra de tarifas. No entanto, segundo Hogan, as atenções em Washignton estão viradas para as eleições presidenciais e para o combate aos efeitos da covid-19, pelo que qualquer solução só deverá ser alcançada depois de novembro.

 

Washington "recuou" nas negociações nas últimas semanas, confirmou Phil Hogan num encontro com ministros do comércio em Bruxelas.  "Temos de ver que os EUA estão agora numa fase pré-eleitoral, pelo que a atenção política em Washington está muito mais voltada para os desafios imediatos na política interna dos EUA, como a necessidade de lidar com o surto da covid-19".

 

Se se cumprir a expectativa de Hogan, a OMC dará luz verde à UE para impor tarifas sobre bens importados dos Estados Unidos, depois de, em outubro, também ter dado o "ok" aos Estados Unidos para imporem tarifas de 7,5 mil milhões de dólares sobre importações europeias, no âmbito de um processo paralelo, em que Washington contestava a legalidade dos apoios concedidos à Airbus.

 

A UE, porém, queria evitar esta escalada, até porque os Estados Unidos já ameaçaram atacar uma das joias da coroa da região, com a imposição de tarifas sobre os automóveis europeus, com base em argumentos de segurança nacional.

 

O presidente dos EUA, Donald Trump, reavivou essa ameaça na passada sexta-feira, num discurso, no Maine, onde exigiu que a UE "baixasse" a sua tarifa de 8% sobre as importações de lagosta americana "imediatamente". Hogan disse aos ministros do Comércio da UE que esperem mais retórica deste tipo.

 

"A União Europeia roubou tanto este país, é inacreditável e é tão fácil de resolver", afirmou Trump. "Se eles não mudarem, avançaremos com tarifas sobre os carros deles até que mudem. E aí vão mudar imediatamente".

 

Apesar desta ameaça latente, e caso obtenha luz verde da OMC, a UE pretende mesmo avançar com tarifas de retaliação sobre os Estados Unidos, como confirmou o comissário europeu.

 

"Lamento que os EUA tenham recuado nas negociações nas últimas semanas", disse Hogan. "As posições, portanto, ainda estão bastante distantes. Se for esse o caso, a UE terá pouca escolha a não ser exercer os seus direitos de retaliação e impor as nossas próprias sanções no caso Boeing, assim que tenhamos autorização da OMC".

 

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