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Nas jotas, o 12 de Março mudou tudo e não mudou nada

O Negócios quis saber o que mudou nas juventudes partidárias com o protesto da Geração à Rasca. Mudou a forma de comunicar. Mudou a atenção aos jovens. Mudou a relação com os movimentos sociais. Mudou a força do grupo. Não mudou nada. Foram estas as respostas dadas.

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A manifestação da Geração à Rasca foi um “termómetro social”, para o politólogo Adelino Maltez. Um termómetro que mediu a temperatura da força política dos cidadãos. Um termómetro que mostrou que a participação cívica e política não se esgota nas esferas partidárias.

E o mercúrio chegou ao topo do termómetro que mede a força dos cidadãos. “Em Portugal, um dos caminhos que se fez foi mostrado por este movimento: a potência de mobilização cidadã era maior do que aquela que já se encontra organizada nas formas clássicas de organização”, considerou ao Negócios José Soeiro, do Bloco de Esquerda.

“Não temos dúvidas de que os movimentos de jovens vão além da esfera partidária”, diz também Tiago Vieira, da direcção nacional da Juventude Comunista Portuguesa.

“A manifestação demonstrou que os jovens estavam interessados em participar, mas que os modelos disponíveis não estavam adaptados a eles. Tentámos mudar essa relação, e os partidos perceberam que têm de lidar de forma diferente com a sociedade civil”, resume Pedro Alves, da Juventude Socialista.

O que mudou nas juventudes partidárias?

Houve um “grito de revolta” dos jovens, uma união de diferentes gerações à volta do mesmo problema. Sem que um partido estivesse na organização, diz Duarte Marques, presidente da Juventude Social Democrata (na foto). E o que mudou para os partidos e para as juventudes partidárias? “Não mudou nada”. “Os movimentos vieram fazer, em alguns dias, aquilo que a JSD faz todos os dias”, considera Duarte Marques.

Para o presidente da JSD, “a manifestação foi muito importante para chamar para a rua e para o debate aquilo que as juventudes partidárias já tinham dito”. O sucesso do evento deveu-se, sobretudo, a duas razões: por um lado, foi um movimento apartidário – “não afasta ninguém por uma questão partidária”; por outro, tinha uma causa concreta – “une-se à volta de uma causa”, ao contrário dos partidos.

Maior atenção aos jovens

No caso do Bloco de Esquerda, houve alterações na relação com os jovens. Passou a haver uma “maior atenção e uma maior participação nestes fenómenos de mobilização”, salienta José Soeiro, relembrando que a força política nasceu de uma vaga de movimentos contra a globalização capitalista, no final dos anos 90.

“Sempre nos identificámos com estes propósitos e temos continuado a trabalhar nesta área. Para além disso, a manifestação tornou óbvio que havia um fosso entre a participação dos jovens e a participação política”, afirma Pedro Alves, da JS. Contudo, Pedro Alves diz que os movimentos dos cidadãos perderam alguma força. “A adesão espontânea [do 12 de Março] não se voltou a verificar”. Para o contrariar, a JS tem tentado “acolher as várias organizações e movimentos presentes”.

“Saímos ainda mais fortes desta iniciativa. O que decorreu do 12 de Março confirma é que a juventude é força viva da sociedade portuguesa e deve ser tida em conta”, salienta Tiago Vieira, da direcção nacional da JCP.

Do outro lado do espectro político, a resposta à mobilização cidadã atravessa uma nova forma de comunicação. “A nossa forma de fazer política passa agora por contactar os jovens de forma mais directa, através das redes sociais. É uma forma mais fácil de os contactar”, revela Michael Seufert, que era o líder da Juventude Popular a 12 de Março de 2011. Mais do que participar em manifestações – o agora deputado popular não esteve no protesto de há um ano –, o importante é mostrar e debater ideias.

Com o 12 de Março algo mudou, isso é certo. Foi o que disse o termómetro mencionado por Adelino Maltez. Algumas juventudes partidárias parecem ter mudado a forma de actuação no que diz respeito aos jovens. Mas, acrescenta o especialista, nenhum partido aproveitou, para si, o movimento social criado.
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