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Mundo evoca ataques com solidariedade, mas também com críticas

Líderes políticos de todo o mundo evocam hoje o quinto aniversário dos atentados terroristas de 11 de Setembro, uns renovando a sua determinação na luta anti-terrorista e outros reiterando críticas à resposta dos Estados Unidos aos ataques.

11 de Setembro de 2006 às 16:17
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Líderes políticos de todo o mundo evocam hoje o quinto aniversário dos atentados terroristas de 11 de Setembro, uns renovando a sua determinação na luta anti-terrorista e outros reiterando críticas à resposta dos Estados Unidos aos ataques.

Dois dos principais aliados dos Estados Unidos na Ásia, o Japão e a Austrália, chamaram a atenção para a ameaça que o terrorismo continua a representar, cinco anos depois, e reafirmaram a sua determinação em prosseguir a luta anti-terrorista até que a liberdade e a tolerância religiosa saiam vencedoras.

Na Austrália, o primeiro-ministro, John Howard, assistiu a uma cerimónia evocativa dos atentados celebrada na embaixada dos Estados Unidos em Camberra e, numa breve declaração, reafirmou a determinação do seu país em combater o terrorismo, "o inimigo de todas as pessoas de boa vontade", e classificou o 11 de Setembro como "um ataque aos valores que o mundo partilha".

No Japão, está prevista para hoje uma cerimónia pelas vítimas do 11 de Setembro, a realizar também nas instalações da embaixada dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, está na Finlândia para a Cimeira Europa-Ásia, onde afirmou que o terrorismo "continua a ser, agora como antes, a maior ameaça à humanidade". Segundo a agência japonesa, Koizumi propôs na cimeira a realização de uma conferência de responsáveis governamentais e especialistas na área do combate ao terrorismo em 2007.

Na Coreia do Sul, centenas de pessoas juntaram-se numa manifestação para assinalar o quinto aniversário e protestar contra a Coreia do Norte, identificada pelos Estados Unidos como um dos Estados que apoiam o terrorismo.

No Paquistão, em contrapartida, dezenas de deputados da linha dura do Parlamento do Paquistão lamentaram os ataques mas criticaram a luta contra o terrorismo lançada pelos Estados Unidos há cinco anos, denunciando que ela teve como único efeito "a destruição da paz em todo o mundo".

No vizinho Afeganistão, principal refúgio da Al-Qaida à época dos ataques contra Nova Iorque e Washington e que atacado menos de um mês depois do 11 de Setembro, o presidente Hamid Karzai manifestou o apreço do povo afegão pelos Estados Unidos, em especial "pelo sacrifício dos seus filhos e filhas" na reconstrução do país.

Críticas aos Estados Unidos foram também manifestadas pela Nova Zelândia, onde a primeira-ministra, Helen Clark, afirmou que o reforço da segurança que se seguiu ao 11 de Setembro não tornou o mundo mais seguro e que a invasão do Iraque criou novos refúgios para os terroristas.

Na China não houve qualquer declaração oficial a propósito do quinto aniversário do 11 de Setembro, mas a imprensa critica a resposta dos Estados Unidos aos atentados.

"É justo dizer que o 11 de Setembro mudou os Estados Unidos. Mas o que verdadeiramente mudou o mundo foi a resposta errónea dos Estados Unidos ao 11 de Setembro, em especial a guerra no Iraque", lê-se no editorial do Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês e o que regista maior circulação no país.

Na Europa, a presidência finlandesa da União Europeia (UE) optou por destacar na sua mensagem a condenação do terrorismo sob todas as suas formas.

"A UE recorda solenemente as muitas vítimas (à) e reafirma a sua condenação de todas as formas de terrorismo. Estes terríveis ataques mostraram claramente que o terrorismo é uma ameaça a todos os Estados e a todos os povos", lê-se num comunicado divulgado em Helsínquia.

A mensagem reafirma o empenho dos 25 na luta contra o terrorismo, "uma prioridade para a União", referindo que "o reforço da cooperação internacional permitiu desmantelar vários planos para atentados" mas frisando que "um êxito de longo prazo da luta anti-terrorista passa por neutralizar as condições de proliferação do terrorismo".

Na Alemanha, a chefe do governo, Angela Merkel, reafirmou a importância de uma luta conjunta contra a ameaça terrorista, mas sublinhou que essa luta só pode ser ganha se não se limitar à via da violência.

"A nossa luta contra o terrorismo islâmico só terá êxito se reforçarmos o desenvolvimento democrático e económico e o respeito pelos direitos humanos nas regiões implicadas", disse Merkel numa mensagem a propósito do quinto aniversário dos atentados.

Segundo a chanceler, o caso do Afeganistão demonstra como "em casos isolados" é "inevitável" recorrer a uma abordagem militar mas, mesmo nestes casos, "os fins não justificam os meios" e o direito internacional "deve nortear" todas as acções desenvolvidas no âmbito da luta contra o terrorismo.

O comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas Hammarberg, salientou numa mensagem a propósito deste quinto aniversário a necessidade de um acompanhamento das vítimas, lamentando que muitos Estados "privilegiem a reacção aos actos terroristas, em detrimento do apoio às vítimas".

O comissário manifestou ainda a sua preocupação pelos atropelos às liberdades civis feitos no âmbito da luta anti-terrorista, afirmando que métodos como a tortura "são não só ineficazes como destroem o fundamento ético das sociedades livres e democráticas".

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