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Moody’s antecipa forte crescimento de Portugal a partir de 2022 com ajuda do PRR
A agência de notação financeira considera que o PRR pode acelerar o crescimento da economia portuguesa, mas os seus efeitos dependerão sempre da capacidade do governo para canalizar os fundos e cumprir a agenda de reformas.
A Moody’s antecipa uma recuperação "limitada" da economia portuguesa este ano, devido às restrições em vigor no primeiro semestre para travar a pandemia da covid-19. No entanto, o crescimento deverá acelerar "marcadamente" de 2022 em diante, com os fundos da União Europeia a impulsionarem o investimento público.
Numa nota emitida esta quarta-feira, 5 de maio, a agência de notação financeira considera que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apresentado por Portugal é "positivo" para o rating do país, na medida em que dará um impulso "significativo" aos baixos níveis de investimento público, ao mesmo tempo que dará resposta a alguns dos grandes desafios incluindo défices de capital humano, baixa inovação e ineficiências institucionais.
"Os fundos irão reforçar significativamente as perspetivas de crescimento de Portugal depois de o país ter registado uma forte contração do PIB de 7,6% em 2020", projeta a Moody’s.
A agência de rating sublinha que, em linha com as orientações da Comissão Europeia, o programa é acompanhado por compromissos de reforma para melhorar a eficiência da administração pública, promover o investimento em inovação e investigação e desenvolvimento (I&D), modernizar os sistemas educativos e desenvolver os mercados de capitais privados.
A Moody’s acredita que a concretização destes compromissos e, em particular, a digitalização de uma franja alargada da administração pública, irá resultar numa melhoria da sua produtividade e transparência, em especial no sistema de justiça.
"A diversificação e a especialização na produção de maior valor acrescentado ajudarão Portugal a reduzir o fosso de produtividade em relação aos seus pares europeus, desde que a escassez de competências não seja um obstáculo", acrescenta a Moody’s.
No geral, a "implementação integral do programa pode fortalecer o crescimento potencial de Portugal, o que, por sua vez, apoiaria a sua solidez orçamental a médio prazo", nota a agência, lembrando que o governo espera que os fundos melhorem o saldo primário em 0,3 pontos percentuais por ano entre 2021 e 2025.
No entanto, sublinha, os efeitos positivos no médio prazo dependerão sempre da capacidade do governo de canalizar os fundos para investimentos produtivos e levar a cabo as reformas necessárias.
"Portugal apresentava excedentes primários antes da crise e esperamos que, juntamente com uma política orçamental prudente, um crescimento mais forte possa acelerar a redução do fardo da dívida. No entanto, tal cenário dependeria da capacidade do governo de canalizar quantias muito grandes num período limitado para investimentos produtivos e, ao mesmo tempo, cumprir a sua agenda de reformas", destaca a Moody’s.
A Comissão Europeia deverá aprovar os planos de recuperação até ao final de julho e desembolsar as primeiras parcelas até setembro, pelo que a agência de rating espera uma implementação "muito gradual este ano", antes de uma aceleração em 2022 e 2023.