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Ministro das Finanças grego "chumba"referendo

É o terceiro ministro a demarcar-se de um George Papandreou cada vez mais isolado – interna e externamente. Primeiro-ministro arrisca-se a cair, antes de qualquer referendo, que depende ainda de uma votação altamente incerta no Parlamento.

03 de Novembro de 2011 às 09:07
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Evangelos Venizelos é contra a realização de um referendo na Grécia em que, em jogo, esteja a permanência do país na Zona Euro. A informação está a ser avançada pela agência Bloomberg, que cita uma fonte próxima do ministro grego das Finanças. Já ontem a Reuters noticiava que o mais directo responsável pela aplicação do programa de assistência financeira havia sido apanhado totalmente de surpresa pela decisão do chefe de Governo de convocar uma consulta popular.

Venizelos apoiou, numa primeira fase, a decisão de George Papandreou, e terá sido da cama do hospital – onde ingressou na terça-feira, devido a queixas abdominais – que telefonou ao seu colega alemão, Wolfgang Schauble, para o informar das intenções de Atenas.

A demarcação do ministro das Finanças terá sido motivada pelo facto de o primeiro-ministro ter cedido à pressão dos seus parceiros europeus, que ontem exigiram que, a realizar-se um referendo, este vise clarificar a vontade dos gregos de permanecer no euro – e não as condições acordadas pela comunidade internacional para continuar a apoiar à Grécia. Essas, voltou ontem a deixar bem claro o presidente francês, Nicolas Sarkozy, não estão abertas a qualquer renegociação "decidida de forma unilateral".

Venizelos é o terceiro ministro do Governo de Papandreou a questionar a sua opção. Já antes, o ministro do Desenvolvimento, Michalis Chrysohoidis, e o da Saúde, Andreas Loverdos, mostraram ter reservas sobre a convocação de um referendo que corre inclusive o risco de não ter condições políticas para ser aprovado no parlamento, devido à falta de apoio da bancada do próprio Pasok (partido de Papandreou) podendo precipitar a queda do Governo.

Europa prepara-se para deixar a Grécia pelo caminho

A decisão do primeiro-ministro grego de avançar para uma consulta popular, que terá sido ponderada e tomada em quase total isolamento, apanhou tudo e todos de surpresa, gerando uma vaga de perplexidade e um coro de protestos.

Desde logo na Grécia, onde todos os partidos da oposição estão contra a consulta, mas também na Europa, na medida em que foi introduzido mais um tremendo factor de incerteza: no limite, se o referendo se realizar e o resultado for negativo, a Grécia terá de sair do euro, entrará em total ruptura financeira, com consequências dramáticas para a sua população (o regresso ao dracma poderá significar uma desvalorização de quase 50% dos activos, rendimentos e poupanças dos gregos), mas também para os restantes países do euro que se verão confrontados com um incumprimento potencialmente total e desordenado, com impactos graves, a começar pelo sector financeiro.

Ontem, Angela Merkel, chanceler alemã, garantiu que a Europa está já a preparar-se para qualquer eventualidade, admitindo, pela primeira vez, que a Zona Euro pode deixar a Grécia pelo caminho.

O assunto está a dominar a cimeira do G20, que se iniciou ontem à noite em Cannes. Foi na "capital" da riviera francesa que Papandreou voltou ontem a defender os méritos de um referendo "necessário" para confirmar "um largo consenso" em torno da opção grega pelo euro.

O referendo deverá ter lugar no dia 4 de Dezembro. Ou seja, poucos "dias antes" dos cofres gregos ficarem exauridos.

Devido à marcação deste referendo, a troika decidiu bloquear, mais uma vez, a sexta tranche de ajuda e aguardar pelo resultado da consulta pública.

Em comunicado, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, afirmou que "assim que o referendo estiver concluído, e toda a incerteza se tiver dissipado, farei uma recomendação ao Conselho Executivo do FMI tendo em vista a aprovação da sexta tranche".

Esta tranche, no montante de 8 mil milhões de euros, deveria chegar aos cofres de Atenas ainda neste mês.
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