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Ministro defende que Portugal não deve expulsar investimento estrangeiro
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou esta sexta-feira que Portugal não deve expulsar investimento estrangeiro, seja ele chinês, angolano ou de outra proveniência, defendendo que os portugueses "não podem ser ingénuos, nem se deixarem enganar".
"Não sejam ingénuos, nem se deixem enganar. Nós não precisamos hoje de expulsar investimento estrangeiro, seja ele chinês, angolano, bengali, indiano ou de outra proveniência, pelo contrário, precisamos de atrair mais investimento estrangeiro", afirmou Augusto Santos Silva que falava na sessão de encerramento do 7.º Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro, no Porto.
Segundo o governante, Portugal continua "a ter problemas de acessibilidade das empresas, designadamente das pequenas e médias empresas ou das empresas em condição de arranque (startups), ao capital, pelo que é tão importante a atracção de investimento directo estrangeiro.
"E fazemo-lo tanto melhor quanto mais diversificarmos a origem nacional desse investimento. Entre ter, para falar bom português, as 'utilities' do país transformadas em meras sucursais de empresas espanholas, francesas ou alemãs ou desmembradas para beneficiar essas mesmas empresas, entre ter isso de um lado, ou ter capital não europeu em posição de controle nessas 'utilities', o interesse nacional sugere que eu deva preferir a segunda hipótese", acrescentou.
De acordo com o ministro dos negócios estrangeiros, Portugal enfrenta ainda um outro desafio, o da competitividade e da produtividade, um problema que não está associado à qualidade do trabalho ou dos trabalhadores, mas a um problema de organização do trabalho e formação de quadros médios.
Numa intervenção em que procurou responder à pergunta sobre qual o papel dos graduados portugueses no estrangeiro enquanto embaixadores informais de Portugal, Augusto Santos Silva defendeu que a imagem do país deve ser projectada sem disfarçar nenhum destes problemas, défices ou carências, mas procurando realçar as suas características únicas.
O ministro lembrou que Portugal tem hoje uma posição de liderança em algumas das agendas multilaterais mais decisivas nos dias de hoje, nomeadamente a preservação dos oceanos, a transição energética, o tratamento da toxicodependência, ou a agenda do clima, onde Portugal tem um interesse directo.
"A agenda do clima para Portugal não é apenas um efeito de moda nem é um efeito de alinhar a política nacional com a política europeia. Agora o que está em moda é contestar as alterações climáticas, as modas podem ser muito estúpidas, como sabem. Evidentemente alinhamos com a política europeia, mas temos um interesse directo nessa agenda. É porque Portugal e a sua vizinha Espanha estão entre os países europeus mais afectados, que mais severamente serão atingidos pela seca em função do aquecimento global, se ele se mantiver ao ritmo que tem acontecido", explicou.
Augusto Santos Silva pediu também que estes embaixadores informais projectassem um Portugal aberto não só do ponto de vista da sua cultura e da sua consciência comum, mas também um país em processo de abertura económica.
Segundo o governante, Portugal tem feito uma "evolução notável" no que respeita às exportações que, há dez anos valiam menos de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e que dez anos depois, em 2018, valem 43% do PIB.
"Esta tendência de crescimento tem-se mantido e tem-se mantido de tal forma que o último boletim de Inverno do Banco de Portugal, que actualiza as projecções para os três anos seguintes, prevê que possamos atingir a nossa meta de 50% do PIB já em 2021", declarou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros falava na sessão de encerramento do 7.º Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro (GraPE) dedicado ao tema "Marca Portugal - Graduados Portugueses levam o País ao Mundo".