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Medina contra bloco central: "Seria porta aberta" a subida de votação no Chega

PS e PSD podem conversar, discutir, convergir, mas não formar algum tipo de bloco central. É o que diz Fernando Medina, alertando que esse cenário resultaria num crescimento ainda maior do Chega.

O valor oficial do saldo orçamental de 2023 será conhecido no final de março, já depois das eleições legislativas antecipadas do dia 10 desse mês.
António Cotrim/Lusa
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O ainda ministro das Finanças, Fernando Medina, admite que um bloco central possa "parecer uma boa solução a curto prazo", mas afasta totalmente a ideia por considerar que daria uma notoriedade tal ao Chega - como grande partido da oposição - que resultaria num aumento dos votos no partido de André Ventura.

Se PS e AD se aliassem, "só ficaria um partido de grande dimensão a fazer oposição, que era o Chega", disse, em declarações aos jornalistas esta segunda-feira, a partir de Bruxelas, onde participa no Ecofin.

Ter o Chega com um "monopólio da oposição", "seria uma porta aberta a que na nossa próxima eleição esse partido subisse de votação", sublinhou. "Pode parecer uma boa solução de curto prazo, mas estruturalmente creio que não pode ser uma boa solução", acrescentou.

"Isso não quer dizer que os partidos não conversem, não discutam, não procurem convergências em múltiplos assuntos. Mas isso não se deve traduzir em apoios de governabilidade porque isso seria, a médio prazo, mais um fator de perturbação do nosso sistema, do que uma solução", ressalvou.

Sobre o alerta da DBRS para o risco de haver atrasos na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal gerados por uma possível instabilidade política, Medina disse apenas que afirmar que o cenário eleitoral terá "consequências nas nossas finanças públicas" é "um passo que não se deve dar".

O ministro defendeu novamente a "política de contas certas", que disse ser "absolutamente essencial para o país". "Portugal era o terceiro país com a dívida mais elevada até o ano passado, isso colocava-nos numa posição de risco perante qualquer dificiuldade", apontou, indicando que "neste momento temos rating A das quatro principais agências do mundo" e a "a dívida abaixo de 100%", o que deixa "o país mais protegido".

"Sinto que há um reconhecimento grande por parte do país relativmente a este esforço que foi feito (...), que foi feito com aumento de pensões, de prestações, de salários", disse. "É um excelente legado que o PS deixa", rematou.

Medina disse ainda  que o Governo está a trabalhar no Programa de Estabilidade para o deixar preparado para o próximo, esperando que haja um novo executivo aquando da entrega a Bruxelas, em abril.

"Nós estamos a preparar e a desenvolver todos os trabalhos relativamente ao Programa de Estabilidade. A nossa expectativa é que haja um Governo formado antes da data formal da entrega e, por isso, transmitiremos ao próximo Governo tudo aquilo que estiver preparado", declarou.

Falando à imprensa portuguesa em Bruxelas, um dia após as eleições legislativas que deram vitória à Aliança Democrática, o responsável vincou: "Deixaremos todo o trabalho preparado para que esse trabalho seja entregue ao próximo Governo, para que o próximo Governo possa integrar as políticas que entenda no próximo Programa de Estabilidade, para entregar a Bruxelas".

*Com Lusa

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