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May sobre acordo: no comércio "é mais ambicioso do que qualquer outro”

A primeira-ministra britânica está a esclarecer os deputados acerca dos avanços no acordo de "divórcio" com a União Europeia, numa altura em que se acumulam as baixas no Governo em sinal de discórdia.

Reuters
Ana Batalha Oliveira anabatalha@negocios.pt 15 de Novembro de 2018 às 11:13

A primeira-ministra britânica, Theresa May, garante que "o acordo para o Brexit é mais ambicioso em termos de trocas comerciais do que qualquer outro" mantido entre o bloco e os restantes parceiros. "Mais nenhuma economia avançada tem um acordo semelhante com a União Europeia", insistiu, num discurso perante o Parlamento no qual se pretende que esclareça os restantes ministros acerca do esboço do acordo do Brexit delineado  com os representantes da União Europeia. 

Para sustentar esta afirmação, May explica que ficou determinada a criação de uma área de comércio livre de bens entre o Reino Unido e a União Europeia, "com zero tarifas, taxas, encargos ou restrições quantitativas transversais a todos os sectores". 

Para a líder britânica, outra das conquistas das negociações foi o consenso no que toca às relações nos serviços e investimento, incluindo os serviços financeiros, as quais classifica como "próximas" e considera que "vão muito além do World Trade Agreement".

Por fim, May realça que os negócios vão beneficiar pois "só terão de se preparar para uma vaga de mudanças", uma vez que só existirão alterações à legislação no final do período de transição. É a partir de 29 de Março de 2019 que começam a contar os 21 meses do período de transição que termina a 31 de Dezembro de 2020. Durante este período, o Reino Unido continua a integrar a união aduaneira, o mercado único e terá de respeitar a jurisdição europeia, perdendo contudo o direito de voto nas instituições comunitárias.

Parlamento mostra insatisfação


Entre as várias questões específicas em relação ao acordo com as quais May foi confrontada, manteve-se o ponto de interrogação sobre a aceitação do documento pelos pares da política britânica.

"O que conseguimos ontem não foi um acordo final", reforçou a ministra ainda no início da sessão, numa declaração que foi acompanhada pelo riso dos presentes. "É um esboço que significa que sairemos da União Europeia de uma forma suave e ordeira" continuou a ministra, provocando o aumento do volume do riso entre a plateia, ao ponto de se interromper por momentos.

Theresa May repetiu inúmeras vezes que o mais recente pacto com o bloco tem em conta o interesse nacional, pelo que pede o apoio dos deputados - intervenção que gerou agitação na sala. "Votar contra atirar-nos-ia de volta à estaca zero. Significaria mais incerteza, mais divisão e uma falha na entrega da decisão dos britânicos de sair da UE". Para a primeira-ministra "a escolha é clara": "podemos optar por abandonar sem acordo e arriscar não haver Brexit de todo" - ponto do discurso em que May foi obrigada a fazer uma longa pausa até os ânimos acalmarem entre os deputados - "ou podemos escolher apoiar o melhor acordo que pode ser negociado - este acordo", finalizou.

No decorrer da discussão, May foi por várias vezes acusada de apresentar uma "escolha falsa" entre um acordo mau ou um não-acordo. Em particular, o secretário-geral do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, assinalou que o seu partido - o de maior oposição a May - não iria apoiar um acordo cujo próprio secretário de Estado encarregue rejeitou, demitindo-se, à semelhança do que havia acontecido com o seu predecessor. O pacto com a UE "não foi aquilo que foi prometido" e "claramente não tem o apoio do parlamento, do Executivo ou do país como um todo", declarou.  

Estas notas mereceram respostas repisadas da ministra: May insistiu na preocupação de respeitar o interesse nacional e a vontade manifestada pelos cidadãos no referendo, que acredita estar a representar da melhor forma possível. 

Desde que foi anunciado o desfecho das conversações com a UE, já pelo menos seis políticos abandonaram o cargo em protesto. Dentro do próprio Executivo, demitiram-se Dominic Raab, ministro para o Brexit e Esther McVey, ministra do Trabalho e Pensões. Somam-se as baixas de Suella Braverman, da secretaria de Estado para o Brexit e de Shailesh Vara, da secretaria de Estado para a Irlanda do Norte. Finalmente, decidiram sair Ranil Jayawardena e Anne-Marie Trevelyan, os quais faziam a ponte entre as secretarias de Estado da Justiça e Educação, respectivamente, e os deputados. 

(Notícia actualizada às 14:06 com mais informação)

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