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Mário Centeno diz que a austeridade em Portugal "terminou"

O economista sublinha que os mercados "podem estar tranquilos" quanto à política que será seguida por um governo liderado pelo PS. Contudo, a continuidade de um Executivo apoiado pela esquerda "provavelmente" teria de ser renegociada ano a ano.

Bruno Simão
Negócios 19 de Novembro de 2015 às 14:20
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Se vier a ser o próximo ministro das Finanças, a austeridade em Portugal vai terminar. Quem o diz é Mário Centeno, responsável pela coordenação do cenário macroeconómico que serviu de base ao programa eleitoral socialista, em entrevista ao El Español.

"Se estamos a falar das políticas de cortes transversais do último Governo, que não tinham sentido de racionalidade em termos de combate às causas fundamentais da crise, então sim, a austeridade terminou", explicou o deputado socialista ao jornal espanhol. "Os impostos elevados, as medidas imediatas para resolver os problemas imediatos chegaram ao seu fim."

Contudo, o economista realça que os processos de ajustamento necessários para reformar o sistema económico continuam "com o objectivo de transformar os padrões de produção em Portugal".


Mário Centeno considera que é preciso agir, em Portugal, sobretudo em três grandes áreas: a administração pública, o mercado de trabalho, as empresas e inovação. No que diz respeito à administração pública, destaca, "é preciso racionalizá-la, oferecer salários dignos e reforçar áreas-chave".

Questionado sobre a sua promessa de cumprir os compromissos de redução do défice acordados com Bruxelas, o economista garante que se mantém "sem dúvida nenhuma".

"Vamos reduzir o défice, mas há muitas formas de percorrer esse caminho. O Governo queria fazê-lo à pressa, com o objectivo de baixar o défice para 0,2% do PIB em 2019 e deixar a dívida pública em 107,6% do PIB actual. Nós consideramos que isto se deve fazer com calma porque a economia está a sofrer. Queremos reduzir o défice para 1,5% em 2019, e a dívida para 112%", explicita o deputado socialista.

A mudança no ritmo de redução do défice e da dívida permitiriam a um governo liderado pelo PS implementar medidas como a reposição dos salários da Função Pública, o aumento do salário mínimo e o descongelamento das pensões. "Essa margem permitiria reduzir impostos", acrescenta Centeno.

Apontado como o nome mais provável para a Pasta das Finanças, Mário Centeno defende que Portugal "não tem nada a ver com a Grécia". "A nossa situação económica não tem nada a ver com o caos [que viviam os gregos] em Janeiro deste ano", refere o economista. "O Partido Socialista português é um partido social-democrata, europeísta, não tem nada a ver com a posição de confronto que o Syriza adoptou com a União Europeia".

Contudo, Centeno reconhece que o entendimento alcançado com os partidos à esquerda do PS não garante a estabilidade de um eventual governo liderado pelos socialistas e que "provavelmente" a continuidade teria de ser renegociada ano a ano.

"O nosso Executivo sobreviverá sempre que os objectivos comuns sejam suficientemente fortes para o levar adiante. Eu farei tudo o que for possível para que assim seja e para cumprir o nosso objectivo comum fundamental: reduzir a pressão fiscal sobre os portugueses", sublinha Centeno.

O economista não antecipa "muita oposição externa" a um governo do PS, porque os mercados querem garantias, "que nós vamos cumprir com as nossas obrigações". "Os mercados podem estar tranquilos", conclui o socialista. 

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