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Marcelo Rebelo de Sousa vai pedir explicações sobre viagens oferecidas pela Galp
O presidente da República vai reunir com o primeiro-ministro a 10 de Agosto. Só depois desse encontro poderá falar publicamente sobre a polémica em torno das viagens oferecidas pela Galp Energia a secretários de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa acompanhou a polémica dos últimos dias em torno dos membros do Governo que se deslocaram a França para acompanhar os jogos da selecção nacional, com as despesas pagas pela Galp Energia, avança o Expresso na edição deste fim-de-semana. E quando regressar vai pedir explicações sobre a polémica.
No Brasil, onde se encontra desde a semana passada devido ao início dos Jogos Olímpicos, o presidente da República não quis comentar o assunto. Mas, questionado pelos jornalistas, defendeu o princípio de separação entre a política e as empresas.
"Em abstracto, o que eu posso dizer é que a minha campanha eleitoral e o meu mandato como Presidente têm sido permanentemente preocupados com uma ideia que também preocupa os portugueses, que é a ideia da transparência, que é a ideia da contenção dos gastos públicos, que é a ideia de não confusão entre poder económico e poder político", disse o chefe de Estado, no Brasil, na passada quinta-feira.
Marcelo Rebelo de Sousa não quis pronunciar-se sobre o tema sem antes se reunir com António Costa, encontro marcado para o próximo dia 10 de Agosto e que será o último antes da pausa para férias. Neste período, não é muito provável que o presidente da República fale sobre o tema, sobretudo se este acabar por perder destaque, avança o jornal. Não será assim se a polémica se mantiver e se tiver consequências políticas.
O Expresso dá conta também do incómodo do PS em relação ao secretário dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade. Apesar das declarações de Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros e número dois do Governo, de que o caso estava encerrado com o pagamento dos custos relativos a estas viagens pelos três governantes que viajaram com a Galp (além ada Rocha Andrade, viajaram também Jorge Oliveira, secretário de Estado da Internacionalização e João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria), o caso não foi pacífico dentro do PS e do Executivo, revela o semanário.
Governantes e dirigentes socialistas ouvidos pelo Expresso questionaram a gestão do tema e não negaram que ficaram incomodados com a "leviandade" com que Rocha Andrade terá aceite o convite da empresa. "Foi uma insensatez", disse uma fonte socialista. Já outra fonte preferia que o Governo simplesmente admitisse o erro, que o secretário de Estado pedisse a demissão e o primeiro-ministro a recusasse.
Para responder a esta polémica, o Governo revelou que vai acelerar os trabalhos de preparação de um Código de Conduta. E, segundo o Expresso, o actual Executivo decidiu começar a trabalhar neste documento no início do ano, depois de uma polémica causada pela entrega a altos governantes, por parte de uma embaixada, de cabazes de Natal de um valor estimado em muitas centenas de euros.