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Catarina Martins: código de conduta para governantes pode ser "algo interessante"
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse hoje que um código de conduta pode ser "algo de interessante", a propósito da polémica com os três secretários de Estado que aceitaram convites para assistirem a jogos de futebol.
"Um código de conduta parece um passo positivo, mas nada substitui o bom senso e esta consciência que todos os governantes têm de ter de que este Governo está sob uma expectativa e uma exigência sobre a sua conduta ética muito superior à dos governos anteriores", frisou Catarina Martins.
A dirigente do BE falava aos jornalistas no parque de campismo de São Gião, em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, onde decorre o acampamento Liberdade 2016, antes de participar no debate "um partido que é um movimento".
O ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou quinta-feira que o Conselho de Ministros aprovará este verão um código de conduta que vincule os membros do Governo, após três elementos do executivo terem aceitado convites para assistirem a jogos de futebol.
Os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, da Indústria, João Vasconcelos, e da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, aceitaram convites da Galp para assistir a jogos da selecção nacional no campeonato europeu de futebol que se realizou em França.
"Nós consideramos eticamente reprováveis e inaceitáveis todas as ligações entre governantes, deputados e grandes grupos económicos. Achamos que não é saudável para a nossa democracia", salientou a coordenadora do BE, que não quis pronunciar-se sobre se o Governo resolveu bem a questão.
Aos jornalistas, Catarina Martins acrescentou ainda que "não é bom para qualquer Governo quando há qualquer confusão entre um cargo público e uma empresa privada, muito menos com as dimensões da Galp".
A propósito deste caso, a dirigente bloquista lembrou que existe uma comissão eventual para a transparência na Assembleia da República, na qual o partido, "desde a primeira hora, entregou projectos de lei sobre transparência, impedimentos, incompatibilidades de titulares de cargos públicos e uma série de matérias que evitam uma porta giratória entre poder político e poder económico e que ajudam à transparência e à saúde democrática do nosso país".
"Este é o momento para essa comissão avançar com os seus trabalhos e o repto que deixamos é que o Parlamento seja capaz de ter leis e conclusões ainda antes do Orçamento de Estado, que promovam a transparência e que parem portas giratórias entre poder económico e poder político", sublinhou.