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Marcelo elogia energia de Costa e explica por que falou em cansaço do Governo

O Presidente da República esclarece que a análise que fez decorre das circunstâncias e dos vários problemas que surgiram, estando a referir-se a um "inevitável desgaste".

Marcelo Rebelo de Sousa aponta a necessidade de se ajustar a execução, mas sem esquecer o equilíbrio orçamental e a redução da dívida pública.
Pedro Nunes /Reuters
26 de Março de 2023 às 09:51
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou a energia do primeiro-ministro, António Costa, e justificou por que falou em cansaço do Governo, considerando que partilha algum desse "desgaste inevitável".

O chefe de Estado falava com António Costa ao seu lado, numa conferência de imprensa conjunta quando estavam prestes a terminar os trabalhos da 28.ª Cimeira Ibero-Americana, em Santo Domingo, na República Dominicana, em que participaram juntos.

Questionado se vê António Costa cansado, a propósito da sua análise de que a atual governação do PS começou já com uma "maioria cansada", Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "O senhor primeiro-ministro tem uma energia que está à prova, como veem. Portanto, pessoalmente não dá nenhum sinal de estar cansado".

"O que eu disse, eu estava a enumerar as razões pelas quais foi um ano muito complicado", explicou, referindo que "preocupações de política externa" no seu entender adiaram "respostas a temas de política interna".

Segundo o Presidente da República, "é evidente que a liderança e peças fundamentais do Governo tinham suportado situações, que aliás hoje aqui foram referidas como patológicas, como foi a pandemia e como foi o período que antecedeu a guerra e, quer num caso quer noutro, com crises económica e financeira e repercussões sociais que foram evidentes".

Isto "embora o Governo fosse substancialmente diferente - o senhor primeiro-ministro depois disse que tinha havido mudanças no Governo, e um Governo vai vivendo, e depois há mudanças subsequentes à posse do Governo para se ajustar à realidade", observou.

Além disso, apontou, no plano interno, "o fim do processo de défice excessivo" e "o saneamento e consolidação do sistema bancário".

Em resultado destes fatores, o terceiro Governo chefiado por António Costa, que assumiu funções há um ano, não se compara a "uma maioria fresca no sentido de acabada de eleger", sem "ter enfrentado antes não sei quantos problemas com o custo, o cansaço no sentido do desgaste inevitável que isso tem", sustentou.

"Mas que tem no Governo e tem no Presidente. O Presidente também, à sua maneira, não sendo executivo não se desgasta da mesma maneira", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa concluiu a explicação sobre as suas palavras em entrevista à RTP há cerca de duas semanas declarando: "Eu limitei-me a fazer essa análise das circunstâncias".

O primeiro-ministro, António Costa, comentou então: "Em suma, saímos muito reconfortados".

A seguir, o Presidente da República foi ainda instado a esclarecer se considera ou não que a maioria do PS está cansada, e respondeu realçando a intensidade de quem exerce funções governativas.

Como exemplo, contou que no jantar oficial da cimeira, na sexta-feira, esteve com António Costa "a passar em revista o que, entretanto, havia da política portuguesa interna no intervalo das últimas 48 horas ou 72 horas".

Marcelo Rebelo de Sousa deu ainda nota de "duas características" que distinguem o relacionamento entre os dois: "Uma é que não há papéis nas audiências e nas reuniões de trabalho com o senhor primeiro-ministro".

"Não há nem convocatória, nem ata, nem registo magnético, nem eletrónico. A segunda questão é a de que a reunião é uma vez por semana. Mas pensam que os factos esperam pela quinta-feira? Não esperam", disse.
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