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Marcelo ao El Pais: os portugueses são “os nórdicos do século XXI”

O Presidente da República deu uma entrevista ao jornal espanhol, publicada esta quarta-feira, em que, a propósito da eleição de Centeno para o Eurogrupo, diz que, Portugal tem, cada vez mais uma vocação de “mediador natural” no contexto europeu actual.

06 de Dezembro de 2017 às 11:46
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Portugal está a assumir cada vez mais "uma função que no século passado era exercida frequentemente pelos países nórdicos. Quando havia necessidade de um mediador para um conflito ou para estabelecer pontes entre lados inconciliáveis, procurava-se o auxílio de um nórdico. Agora, esse papel está a ser entregue a Portugal. Somos os nórdicos do século XXI porque temos essa vocação de dialogar com países muito diferentes."

 

Numa entrevista telefónica ao El Pais, dada na sequência da eleição de Centeno para o a liderança do Eurogrupo e publicada esta quarta-feira, 6 de Dezembro, o Presidente da República sublinhou que "há vários factores para explicar essa nomeação", desde logo "a unidade nacional" e o facto de Portugal ter "um rumo estratégico comum, à margem das diferenças partidárias". A isso soma-se "a consciência europeia de Portugal", acrescenta. "Ainda que tenham mudado as cores do Governo, nunca mudou a aposta europeia dos governantes".

Um terceiro factor fundamental, destacou ainda Marcelo Rebelo de Sousa, foi o facto de António Costa ter decidido escolher uma via europeísta para o seu Governo. "Podia ter escolhido outra via, ou uma via europeísta mais débil, mas apostou na Europa, apostou na mudança a partir da suas estruturas e não a partir de fora delas".

 

E Marcelo prossegue com uma leitura internacional da eleição de Centeno, de quem diz que começou como um tecnocrata" e em dois anos "afirmou-se como político. "Não se trata de uma questão financeira, mas sobretudo de uma questão de ouvir melhor outras vozes, de facilitar o diálogo com o Norte, que sem dúvida tem faltado. Sem diálogo não há compreensão e muito menos entendimento", sublinha.

 

O Presidente lembrou ainda que estamos "num momento de movimentos na Europa, com o Brexit, a França com um novo Governo, a Alemanha sem governo, a Áustria não se sabe, a Itália com eleições à vista" e, nesse "cúmulo de realidades movediças, a solução foi encontrar uma solução equilibrada, Portugal".

 

O País, considera, tem vindo a afirmar-se  como "um país com uma posição aberta, dialogante, tecnicamente competente e politicamente flexível. É uma ponte enodas as decisões internacionais graças a trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos por exemplo pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ou pelo embaixador junto da União Europeia, que têm seguido sistematicamente uma linha política."

Marcelo admite ainda que, depois da eleição de Centeno, Portugal possa  vir a conseguir um novo cargo nas Nações Unidas (ONU), numa alusão a uma eventual candidatura do antigo comissário europeu e antigo ministro socialista António Vitorino à Organização Internacional para as Migrações (OIM), noticiada por vários órgãos de comunicação social no início deste mês.

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