Notícia
Maioria dos portugueses defende que Cardeal Patriarca se devia ter demitido
Portugueses estão descontentes com a postura da Igreja em relação aos casos de abusos de menores recentemente conhecidos. É isso que indica o Barómetro de agosto da Intercampus para o Negócios, CM e CMTV.
Mais de três quartos dos inquiridos pelo Barómetro de agosto da Intercampus para o Negócios, CM e CMTV não têm dúvidas: o Cardeal Patriarca de Lisboa devia demitir-se do cargo. É a reação dos portugueses à notícia de que D. Manuel Clemente não denunciou às autoridades um caso de abuso sexual de um menor por um sacerdote. O abuso aconteceu durante o mandato do seu antecessor, D. José Policarpo, que também não denunciou o caso na altura.
Clemente justificou o silêncio com a vontade de respeitar o desejo da vítima, com quem se encontrou anos após os abusos.
Quase 76% (75,5%) dos inquiridos consideram que o cardeal devia deixar a posição por iniciativa própria, e apenas 15,7% se opõem à ideia. Há ainda uma pequena fatia, 8,8%, que não sabe ou não responde.
Proporção semelhante, 70,9%, é também da opinião de que a Igreja não está a fazer tudo o que pode para ajudar a Comissão que está a investigar os casos de pedofilia na Igreja. Apenas 15,7% acham que essa cooperação está a acontecer, mas aqui são mais, 13,4% os que não sabem ou não respondem.
O Barómetro da Intercampus lança ainda uma questão sobre as declarações do Presidente da República sobre assunto. Marcelo Rebelo de Sousa disse não acreditar que D. Manuel Clemente ou D. José Policarpo tivessem intenção de ocultar crimes da Justiça.
"Aquilo que eu posso dizer — e nem é como Presidente da República, é como pessoa — é que o juízo que formulo sobre as pessoas (e não os elementos da hierarquia católica) D. José Policarpo e D. Manuel Clemente é que não vejo em nenhum deles nenhuma razão para considerar que pudessem ter querido ocultar da justiça a prática de um crime", disse, no final de julho.
De acordo com os resultados do inquérito, 75,4% não aprovam estas declarações. Opinião contrária têm 13,2% dos inquiridos.
Apesar da polémica, mais de metade dos inquiridos (59,7%) não considera que a importância da Jornada Mundial da Juventude, que se vai realizar em Portugal em 2023, fique prejudicada. Ainda assim, 28,9% acha que sim, que fica prejudicada, e 11,4% não sabe ou não responde.
FICHA TÉCNICA
Objetivo: Sondagem realizada pela INTERCAMPUS para a CMTV, com o objetivo de conhecer a opinião dos Portugueses sobre diversos temas da política nacional, incluindo a intenção de voto em eleições legislativas. Universo: População portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal Continental. Amostra: constituída por 605 entrevistas. Seleção da amostra: A seleção do lar fez-se através da geração aleatória de números de telefone fixo / móvel. No lar a seleção do respondente foi realizada através do método de quotas de género e idade (3 grupos). Recolha da informação: A informação foi recolhida através de entrevista telefónica, em total privacidade. O questionário foi elaborado pela INTERCAMPUS e posteriormente aprovado pela CMTV. Os trabalhos de campo decorreram de 3 a 10 de agosto de 2022. Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de 4%. Taxa de resposta: A taxa de resposta obtida neste estudo foi de 60,7%.