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Liz Truss, uma primeira-ministra que sabe mudar de ideias
Foi de Liberal Democrata a Conservadora, de opositora a apoiante do Brexit. A nova primeira-ministra do Reino Unido é vista como um verdadeiro camaleão político.
Nascida numa família que a própria descreveu como "à esquerda dos Trabalhistas", Truss envolveu-se com a política na Universidade de Oxford, onde se tornou presidente dos Liberais Democratas e participou em campanhas pela abolição da monarquia. Mas a inclinação política haveria de mudar: em 1996 aderiu ao Partido Conservador e foi trabalhar para a petrolífera Shell.
Justificou esta guinada ideológica com a maturidade adquirida com a idade. "Todos tivemos desventuras de adolescência. Algumas pessoas tiveram sexo, drogas e rock'n'roll. Eu tive os Liberais Democratas", disse durante a campanha dos Conservadores, em agosto.
A carreira no governo começou em 2021, como subsecretária parlamentar de Estado para Assistência para o Departamento de Educação. Foi depois secretária de Estado do Ambiente, secretária de Estado do Comércio Internacional, entre outros cargos, até chegar a ministra dos Negócios Estrangeiros.
Sublinhando a sua faceta de camaleão político, Truss apoiou, em 2016, a campanha para o Reino Unido permanecer na União Europeia, mas após o resultado mudou de campo.
Começou por defender que o Brexit seria uma "tripla tragédia" - "mais regras, mais formulários para preencher e mais atrasos no comércio com a União Europeia" -, defendida apenas por quem "vive na terra dos cucos nas nuvens". Seis anos depois, Truss afirma-se convicta eurocética.
Apesar dos escândalos, manteve-se sempre fiel a Boris Johnson. Na corrida a primeira-ministra, prometeu cortar impostos, mesmo com as crescentes preocupações com o aumento da inflação, e espera-se que seja mais conservadora que o antecessor com gastos na área social.