O ministro dos Assuntos Parlamentares demissionário, Jorge Lacão, defendeu hoje que Cavaco Silva poderia ter usado a "magistratura activa" para "sensibilizar" os partidos políticos a não desencadearem a crise política.

Em entrevista a Maria Flor Pedroso na Antena 1, Lacão referiu-se às próprias palavras do Presidente da República no seu discurso de tomada de posse e disse que se Cavaco Silva tivesse colocado em prática a "magistratura activa" seria possível evitar o chumbo do pacote de medidas de austeridade (PEC IV) pelas várias forças partidárias.

"O silêncio do senhor Presidente da República naqueles dias pode, porventura, não ter sido um contributo favorável para o próprio desfecho da crise", referiu o ministro dos Assuntos Parlamentares.

Agora, numa altura em que estão a ser discutidas as condições para o resgate financeiro, Jorge Lacão diz que os órgãos de soberania, primeiro-ministro e Presidente da República, vão encontrar uma forma de conseguirem encontrar a "fórmula adequada" conjunta que melhor defende "o interesse do país".

Defendendo que o pedido de ajuda "não é um documento transcendente", Jorge Lacão afirmou que nem mesmo os banqueiros defenderam sempre o recurso ao resgate. "[Os banqueiros], não há muitos dias, assumiam posições favoráveis a que tudo fosse feito para evitar a ajuda externa", argumentou.