A opinião pública preferiu acreditar na vida fácil que lhe foi oferecida, em vez de resolver os problemas na altura certa. Agora, ao fim de dois anos e meio de processo de ajustamento económico, os portugueses estão a dar mostras de impaciência, sublinhou o economista João Salgueiro, durante a sua intervenção no 5º Congresso Anual dos Economistas.

Num painel dedicado ao tema “Que Economia? Desafios da Evolução da Economia no Contexto global”, João Salgueiro frisou que esta crise que Portugal está a atravessar não se resolve com mais ou menos austeridade, mas sim com uma “mudança de atitude”. “Não é uma crise que se resolva voltando a ter os mesmos comportamentos mas também não é uma crise que se resolva com mais ou menos austeridade.”

“Os portugueses estão a ficar impacientes porque ao fim de dois anos ainda não voltámos à normalidade. Mas a normalidade que estávamos a viver era paga a crédito. Não se trata de voltar a essa normalidade de há três anos pois já não existia. Portanto não e uma crise que se resolva voltando a ter os mesmos comportamentos mas também não é uma crise que se resolva com mais ou menos austeridade”, defendeu o economista, que entende que a resposta aos tempos nesta era da globalização deve ser dada em conjunto, pela União Europeia. Mas para tal é preciso haver mudanças.

“Temos ambição de economia continental. Mas isso implica estratégia continental e a Europa não a tem. A estratégia que temos adoptado na Europa para responder aos desafios é consequência das políticas da União Europeia, que não são criadoras de futuro. Não podemos ter ambição de economia competitiva europeia e ao mesmo tempo pedir aos pequenos países que consolidem com os preços que isso tem”, rematou.