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Jerónimo no último discurso: "O vento fustiga-nos o rosto mas não nos apanha de costas"

A Conferência Nacional do PCP decorre em Corroios, no concelho do Seixal, e marca a transição de liderança do partido.

#47 - Jerónimo de Sousa
12 de Novembro de 2022 às 11:54
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Jerónimo de Sousa afirma que "o vento está duro e muito forte, fustiga-nos o rosto", mas "nunca hão-de ver o vento apanhar-nos de costas porque o PCP estará sempre virado para a frente".

Estas foram as últimas palavras do derradeiro discurso de Jerónimo enquanto secretário-geral do PCP.

Numa intervenção de quase quarenta minutos, Jerónimo acusou a governação de maioria absoluta de mostrar "um PS cada vez mais inclinado para a direita" e considerou que os socialistas, PSD, CDS e IL e Chega encenam e empolam divergências.

"Hoje está muito claro qual é o sentido da governação do PS maioritário e quão verdadeira era a palavra do PCP quando afirmava que o PS não queria resolver os problemas nacionais, mas tão só romper com a política de defesa, reposição e conquista de direitos e criar condições para retomar na plenitude a política de direita que sempre teve como sua", acusou Jerónimo de Sousa, na abertura dos trabalhos da Conferência Nacional do PCP, em Corroios, concelho do Seixal.

Para Jerónimo de Sousa, a governação socialista "mostra um PS cada vez mais inclinado para a direita", ao fazer opções de política económica e orçamental que conduzirão ao "perigo de uma nova fase de definhamento económico e e degradação social".

"As recentes alterações do quadro político", continuou o líder cessante do PCP, vão "replicar, senão aprofundar a evolução negativa do país que décadas de política de direita impuseram".

E a maioria absoluta que António Costa alcançou nas eleições legislativas de janeiro só foi alcançada com uma "operação de chantagem e mistificação".

Segundo o secretário-geral comunista, a alteração no quadro político decorrente das eleições traduziu uma "ampla promoção" das forças reacionárias num quadro em que PS e os partidos de direita "empolam e encenam" uma oposição entre si quando na verdade tem uma "ação convergente" em aspetos essenciais.

O PCP anunciou há uma semana que Jerónimo de Sousa ia deixar de ser secretário-geral do PCP por razões de saúde e que Paulo Raimundo era o nome proposto para o substituir. Paulo Raimundo, de 46 anos, vai ser hoje eleito o quarto secretário-geral do PCP depois de uma reunião do Comité Central que deverá começar assim que encerrarem os trabalhos do primeiro dia da conferência.

A Conferência Nacional do PCP, a quarta em 100 anos, foi organizada com o objetivo de reenquadrar a ação do partido em contexto de maioria absoluta do PS, aumento da inflação e consequente degradação das condições de vida da generalidade da população, e também de incerteza em relação ao redesenho do mapa geopolítico internacional.
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