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Investimento fixo com maior crescimento desde 1998

Investimento regressa à construção e junta-se a aumentos nas despesas com máquinas e equipamentos de transporte, garantindo o melhor desempenho em 16 anos. Evolução dos stocks confunde as contas.

Miguel Baltazar/Negócios
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O investimento no primeiro trimestre do ano, medido pela formação bruta de capital fixo, ascendeu a 6.789 milhões de euros, um aumento de 8,5% em termos reais face ao primeiro trimestre do ano passado, no que é o maior crescimento trimestral desde o último trimestre de 1998. Ainda assim, o valor das despesas de capital na economia portuguesa, que crescem há quatro trimestres consecutivos, está abaixo do registado no arranque de 2012, quando estava ainda em queda livre batendo mínimos desde os anos 90.

 

A explicar o desempenho positivo no arranque de 2015 está um crescimento do investimento em construção, o qual se juntou a uma recuperação das despesas de capital com máquinas e equipamentos de transporte que já se vinha a verificar desde o ano passado.

 

O investimento fixo (FBCF), que exclui a variação de "stocks" em armazém, cresceu 545 milhões de euros no primeiro trimestre face ao mesmo período do ano passado. Desses 545 milhões, 306 milhões vieram de um reforço do investimento em construção. Isto é, 56%, reflectindo o facto da construção pesar cerca de 50% no investimento total feito em Portugal.

 

"A Formação Bruta de Capital Fixo total acelerou significativamente" qualifica o INE, que destaca que "a FBCF em Construção foi a componente que mais contribuiu para a aceleração da FBCF total no primeiro trimestre, registando um crescimento homólogo de 8,5% em termos reais, após a redução de 2,9% no trimestre anterior". Este valor é a primeira variação trimestral positiva desde 2007 e a maior desde 2002. A construção pesa 50% no investimento total.

 

No entanto, a construção não foi o sector que mais cresceu percentualmente. Essa distinção continua a pertencer a equipamento de transporte, que registou um crescimento de 33,1%, estando a crescer a dois dígitos desde 2013. Outras máquinas e equipamentos e sistemas de armamento desaceleraram ligeiramente (9,2%). Em conjunto, as despesas com equipamentos de transporte e máquinas avançaram 14% em termos homólogos.

 

Os produtos de propriedade intelectual e os recursos biológicos cultivados tiveram variações negativas (-0,7% e menos -0,2%, respectivamente).

 

Estes dados excluem as variações de existências em armazém, as quais são também consideradas na rúbrica de investimento total medida pelo INE, classificada como Formação Bruta de Capital (FBC). Na comparação com o ano anterior, as variações de existências foram muito menores que as registadas há um ano, quando uma acumulação de produtos petrolíferos fez disparar a FBC. Em termos homólogos a FBC estagnou, tendo crescido 5,3% em cadeia. 

 
Como é que os stocks influenciam o investimento

Uma nuance que nem sempre fica muito clara é a diferença entre formação bruta de capital (FBC) e formação bruta de capital fixo (FBCF). A principal distinção está no facto de a primeira incluir os stocks (aquilo que o INE chama "variação de existências"). Em alguns trimestres essa diferença é negligenciável, mas o primeiro trimestre do ano passado trouxe o maior crescimento de stocks desde que há registo. Ou seja, neste primeiros meses de 2015 há um efeito de base que dá um contributo negativo, uma vez que é feita uma comparação com um trimestre muito forte. Daí que, apesar de a FBC ter estagnado, a FBCF teve a maior variação desde 1998. Isso dá margem para que alguns partidos digam que o investimento está a seguir um caminho de sucesso e outros argumentem que até está a travar.   

O PIB cresceu 1,5% no primeiro trimestre face ao mesmo período de 2014, uma revisão em alta de uma décima face à primeira leitura do INE. Trata-se do maior crescimento homólogo desde o terceiro trimestre de 2010.

 

Os números do INE para o arranque do ano estão em linha com a maioria das projecções de crescimento para o total do ano quer do Governo (1,6%), quer da Comissão Europeia (1,6%) e do FMI (1,5%). Estes desenvolvimentos podem, no entanto, comprometer previsões mais optimistas que apontavam para um crescimento no ano em torno de 2%, como por exemplo as da Universidade Católica. Um risco agravado pelo facto de o primeiro trimestre do ano passado ter sido fraco, o que favorece a comparação homóloga.  

 

Nota: título alterado à 16:09 deixando claro tratar-se de investimento fixo, ou seja, o investimento excluindo o efeito da variação de existências em armazém, uma variável irregular e que dificulta a análise à dinâmica de efectivas despesas de investimento na economia.    

 

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