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Incerteza geopolítica afeta perspetivas dos casinos norte-americanos em Macau

O analista Edward Moya considera que a incerteza sobre o posicionamento da China no conflito Rússia-Ucrânia vai afetar as perspetivas do jogo em Macau.

3.º Macau, China
Bobby Yip
05 de Março de 2022 às 10:21
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"O maior risco neste momento são as tensões geopolíticas", indicou o analista sénior para as Américas da corretora Oanda. "Não sabemos exatamente qual será a próxima jogada dos chineses, se vão apoiar a Rússia, se vão movimentar-se no Mar do Sul da China", indicou. 

Os operadores norte-americanos Sands, Wynn e MGM têm licenças de jogo em Macau que vão expirar no final do ano. O processo de renovação será feito após aprovada a reforma da lei, a maior dos últimos vinte anos, que deverá incluir uma redução do período de licenciamento para dez anos e requisitos de dupla nacionalidade para os diretores.

"O que parece é que os operadores de casinos norte-americanos vão ser um pouco espremidos", afirmou Edward Moya, apesar de haver a expetativa de que se mantenha o 'status quo'. "Quaisquer mudanças abruptas abririam a porta a retaliação e essa não parece ser a carta que os chineses querem jogar".

No entanto, além de ser necessário perceber qual a versão final da emenda da legislação que enquadra os casinos, há um grande ponto de interrogação sobre os investimentos futuros. 

"Até sabermos exatamente qual o cenário geopolítico e a relação entre a China e a Rússia e a China e os Estados Unidos, não vamos ter grande confiança no futuro", disse Edward Moya. 

"Há uma crença de que a China não vai tomar uma posição dura contra o Ocidente, mas se por alguma razão o fizer, então isso vai complicar tudo para os operadores de casinos sediados nos Estados Unidos", avisou. 

A China é um mercado de crescimento crucial para estes operadores, que investiram muito no mercado e antes da pandemia tinham grande parte (MGM) ou a maior parte (Wynn e Sands) das suas receitas a provir de Macau. 

"Se daqui a uns meses parecer que há uma aliança entre a China e a Rússia e houver uma escalada do conflito militar e movimentos de navios no Mar do Sul da China, penso que haverá questões sobre a manutenção das licenças de jogo na China", considerou o analista. 

"É um risco forte e importante. Até termos clareza nisto, não vamos ver decisões sobre investimentos na China", acrescentou. 

O que o analista considera possível é ver os operadores a focarem-se no mercado doméstico dos Estados Unidos e em regiões como o Médio Oriente, onde poderão abrir novos casinos. A Europa, que estava com boas perspetivas, mudou de figura. 

"Mesmo depois de aliviada a crise Rússia-Ucrânia, muitos europeus vão ter de lidar com preços energéticos muito elevados", indicou Moya. 

"Toda a gente pensou que a Europa ia beneficiar de alguns anos bastante fortes, e agora essa previsão está a ser completamente revista", disse. "Vamos ver um consumidor europeu enfraquecido e isso nunca é bom para os casinos". 

A esta incerteza acresce a situação da pandemia de covid-19, cujas restrições afetaram brutalmente as receitas dos casinos, em particular em Macau. Notícias de que o executivo chinês estará a preparar-se para aliviar algumas restrições deram um grande impulso às ações dos operadores de casinos na primeira semana de março. 

Todavia, Moya referiu que o mercado ainda será vulnerável a possíveis novas variantes e que os consumidores vão apostar primeiramente em viagens. "Os casinos podem fazer parte disso, mas não será a primeira escolha para muita gente".
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