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Incêndios: Protecção Civil admite que número de mortes pode aumentar

A porta-voz da Autoridade Nacional de Protecção Civil recusa falhas na estratégia de combate aos incêndios e reclama que “é difícil pedir mais a este dispositivo” quando ocorrem mais de 500 incêndios no mesmo dia.

Movenoticias
16 de Outubro de 2017 às 11:29
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O número de vítimas mortais nos incêndios dos distritos da Guarda, Coimbra, Viseu e Castelo Branco ascende já a 31, de acordo com os dados disponibilizados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). Há também 51 feridos, dos quais 15 estão em estado grave e os restantes são feridos ligeiros.

Questionada sobre a forma como ocorreram as mortes já confirmadas, Patrícia Gaspar respondeu que "falta apurar todas as circunstâncias em detalhe", mas adiantou que houve pessoas encontradas na via pública, outras em barracões agrícolas e há também vítimas em resultado de acidentes de viação. E admitiu também que o número de vítimas, que tem estado a sofrer várias actualizações, pode aumentar nas próximas horas.

"Estes dados não são finais. Não seria sensato fechar este balanço. Teremos de aguardar pelas próximas horas", sublinhou a porta-voz da Protecção Civil, acrescentando que não há um número oficial de pessoas desaparecidas. "Ontem houve vários constrangimentos a nível de comunicações e nas redes viárias. Havia locais inacessíveis onde só agora estamos a chegar e a Protecção Civil tem vários operacionais no terreno a tentar restabelecer toda a rede de comunicações", justificou.

No briefing operacional realizado às 11:00, Patrícia Gaspar insistiu também que nas últimas horas foram batidos "todos os recordes" de incêndios florestais relativamente a este ano, com 524 ocorrências no domingo e 110 ocorrências desde a meia-noite desta segunda-feira, 16 de Outubro.


A essa hora, a meio da manhã, estavam em curso 145 incêndios (32 classificados como de importância elevada), nos quais estavam concentrados 4.127 operacionais, entre eles contando-se 1.289 meios terrestres. A responsável da ANPC referiu ainda que estão a ser "empenhados neste momento diversos meios aéreos nas diferentes ocorrências", sendo que, em algumas delas, durante a manhã não foi possível actuarem devido às condições atmosféricas e ao fumo.

Militares no terreno, SIRESP a falhar e chuva a caminho

Numa altura em que havia ainda estradas cortadas nos distritos da Guarda, Castelo Branco, Aveiro, Coimbra e Leiria, a ANPC contabilizou ainda no terreno 23 grupos de reforço, cinco equipas de posto de comando no Norte e Centro do país e dez pelotões militares em operações de vigilância e rescaldo. A porta-voz frisou que os militares "fazem parte do dispositivo" de combate a incêndios florestais e que vão sendo solicitados à medida que são necessários, dando também apoio em aspectos logísticos e sendo uma "presença dissuasora" de comportamentos de risco.


A mesma responsável confirmou também que houve "diferentes falhas" nas comunicações do sistema de emergência, afectando em particular os distritos de Viseu, Coimbra e Aveiro. "Para que novas falhas no SIRESP possam ser colmatadas" – e esta manhã ainda houve "falhas pontuais" e estão a ser analisados os estragos nessas antenas –, foram mobilizadas quatro estações móveis para Mortágua, Nelas, Vila Nova de Poiares e uma outra para o distrito do Porto.


Até às 20:00 de segunda-feira há um alerta vermelho para todos os distritos e, em função do que se venha a verificar no terreno, este estado de alerta para as próximas horas pode ser revisto. É que, de acordo com o IPMA, há uma "tendência de melhoria [nas condições], a começar a meio da tarde e final do dia, com possibilidade de precipitação" nos distritos a Norte do rio Tejo, com a descida das temperaturas do ar e a recuperação dos valores da humidade relativa. Patrícia Gaspar antecipou que "a próxima noite vai ser bastante diferente das últimas horas" e que até estão "emitidos avisos de precipitação para o dia de amanhã" por parte deste instituto.


"Difícil pedir mais a este dispositivo"


Patrícia Gaspar assegura que "a Protecção Civil não foi surpreendida" com a violência dos incêndios iniciados este domingo. "Em caso de ignição, sabíamos que iriam gerar ocorrências de complexidade acima do normal e, por isso, tínhamos todo o país em alerta vermelho e grupos posicionados em locais estratégicos", sustentou, repetindo que "a grande dificuldade" foram as mais de cinco centenas de ocorrências no mesmo dia – "números [que] não são aceitáveis" – e que "é difícil pedir mais a este dispositivo".

 

Interpelada pelos jornalistas sobre eventuais falhas na estratégia de ataque aos incêndios, a responsável da ANPC reclamou que "a estratégia está consolidada há vários anos" e "resulta na maior parte das situações", mas "o que tivemos ontem e em muitos dias deste ano foram situações de absoluta excepcionalidade que obrigaram a uma adaptação". "O que falhou ontem, garantidamente, foi este número de ocorrências diárias, que não são aceitáveis e que não acontecem em quase nenhum país do mundo. Poucos dispositivos resistem" a estas novas ignições, completou.


(Notícia actualizada às 12:30 com o aumento de número de mortes oficiais para 31)
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