Nem à irlandesa, nem à portuguesa. A saída do programa de assistência financeira da Grécia poderá ser feita com recurso a um programa cautelar, que estará a ser negociado junto da troika, referiu Antonis Samaras (na foto) esta sexta-feira, 17 de Outubro, à margem da Cimeira Euro-Ásia, em Milão.

"Um possível programa cautelar poderia proteger a Grécia da possível turbulência nos mercados", referiu o primeiro-ministro helénico, citado pela Bloomberg. Desta maneira, o chefe de Governo descarta uma "saída limpa", que chegou a ser ponderada na semana passada.

"Estamos totalmente confiantes" que a Grécia pode cobrir as suas necessidades de financiamento no mercado de dívida nos próximos anos, revelou o responsável a 9 de Outubro também na cidade italiana de Milão.

A mudança no discurso deve-se ao chumbo dos ministros das Finanças da Zona Euro à proposta grega, a 14 de Outubro. As fortes quedas da bolsa grega e o disparo dos juros da dívida soberana do país contagiaram os mercados financeiros um pouco por todo o mundo.

O chefe de Governo lançou a ideia da "saída limpa" pressionado pelos dados das últimas sondagens. Em caso de eleições antecipadas, o Syriza, partido de extrema-esquerda poderá ganhar as eleições. Um cenário que é do desagrado dos mercados financeiros. O partido de Alexis Tsipras defende a saída da Grécia do programa de resgate negociado entre o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

A mudança no discurso de Antonis Samaras deve-se também à alteração da posição das autoridades da Zona Euro. Na quinta-feira, 16 de Outubro, o futuro comissário europeu, Jyrki Katainen, assegurou o apoio (quase) incondicional às autoridades gregas.

"Vamos apoiar a Grécia na tranquilização dos credores e mercados financeiros quanto ao compromisso firme e contínuo para a reforma e para a manutenção dos objectivos orçamentais, incluindo uma almofada orçamental forte e adequada", afirmou o responsável finlandês.

Forte recuperação nos mercados

Esta sexta-feira, a bolsa grega valorizou 7,34% para 303,31 pontos, depois de ter cedido 13,8% nas três sessões anteriores.

Uma recuperação também visível nas obrigações com maturidade a 10 anos. No mercado secundário, os juros da dívida soberana grega desceram 10,02% para 8,064%, depois de nos três dias anteriores terem acumulado uma subida de 33,8%. A "yield" helénica chegou a ultrapassar o patamar dos 9% na quinta-feira, segundo os dados da Bloomberg.