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Governo diz que software "não dá informação em tempo real" sobre o SIRESP

Comprado à Motorola, o Traces nunca foi utilizado pela Protecção Civil. O Ministério desvaloriza: só serve para planear a "médio prazo" e "não se destina a gerir as necessidades operacionais de meios em teatros de operações".

Cofina Media
07 de Novembro de 2017 às 13:53
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O Ministério da Administração Interna (MAI) esclareceu esta terça-feira, 7 de Novembro, que o software Traces, adquirido pelo anterior Governo em 2015, "não dá informação em tempo real de ocupação da rede [SIRESP] e não permite a gestão de grupos de conversação em uso em teatros de operação de fogos florestais".

 

A nota do organismo tutelado por Eduardo Cabrita surge na sequência de uma notícia do Público sobre o facto de a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) nunca ter tido acesso à licença de utilização deste sistema, que serviria para monitorizar em tempo real falhas na cobertura do SIRESP e ajudar na tomada de decisões operacionais no combate aos incêndios florestais.

 

Depois de não ter prestado esclarecimentos ao jornal antes da publicação do artigo, a tutela vem agora contrapor que o Traces "destina-se ao planeamento de médio prazo e não de curto prazo ou em tempo real, pelo que não se destina a gerir as necessidades operacionais de meios em teatros de operações".

 

"Esta aplicação permite produzir melhores mapas de cobertura, a partir da informação real do terreno e sinalizar zonas com necessidade de actuação no planeamento rádio pela operadora", detalhou o MAI, reforçando que é utilizado pela Secretaria Geral da Administração Interna, que frisou ser "a entidade pública responsável pela gestão da rede SIRESP".

 

Estes argumentos do Executivo parecem contrariar a opinião do ex-presidente da ANPC, Joaquim Leitão, que assegurou ao Público que a utilização do Traces poderia ter influência nas decisões operacionais, pois "habilitaria o comandante das operações de socorro de qualquer teatro de operações a ter informação fidedigna acerca da cobertura da rede SIRESP e de outras redes convencionais na zona".

 

Na sequência dos fogos trágicos de 15 de Outubro, o Governo liderado por António Costa decidiu efectuar uma operação de conversão de créditos em capital, tomando assim uma posição accionista na SIRESP que levará o Estado a deter 54% do capital da empresa. Este reforço de cerca de oito milhões de euros permitirá a aquisição de mais quatro estações móveis com ligação satélite, estando também prevista a contratação de um sistema adicional de redundância.

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