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Gigante dos EUA mergulha Insizium na realidade virtual

Em três dias, a empresa de Santa Maria da Feira convenceu a "EON Reality" a entrar no capital e a assinar acordo de parceria para uma década

15 de Outubro de 2013 às 09:32
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João Vieira | O fundador da Insizium garante que já recolheu e investiu oito milhões de euros no projecto.

 


O "criativo" João Vieira passou pela publicidade e pela arquitectura, entre outras áreas, e em todas elas sentia a mesma dificuldade em demonstrar os seus pensamentos e ideias. Quase teve de "passar a viver nas obras para indicar aquilo que queria executado". Corria o ano de 1997, com o "3D" nos primórdios, e estava identificada a necessidade de recorrer a esta tecnologia. Só onze longos anos depois viria a constituir a Insizium, que fornece simuladores e configuradores com integração de realidade virtual imersiva para aplicação em ambientes industriais, no entretenimento, educação, para forças de segurança ou protecção civil em países de quatro continentes.


"Entre pensar e fazer vai uma distância muito grande", recordou o empresário, 47 anos, natural de Viana do Castelo. O conceito ficou fechado em 2004, valeu um prémio e impulsionou a divulgação junto de potenciais clientes e investidores "na tentativa de tornar o projecto numa empresa". Gastou três anos atrás de capital de risco em Portugal. "Não deu em nada". Numa sexta-feira de 2008 enviou uma proposta para a gigante norte-americana "EON Reality". A aprovação chegou na segunda-feira, com a líder mundial em software de realidade virtual a entrar no capital (33,33%) da empresa portuguesa e a fechar um acordo que troca o desenvolvimento de conteúdos em Santa Maria da Feira por contratos no valor de 40 milhões de euros durante dez anos.


A multinacional norte-americana ainda convidou João Vieira para ser director criativo de projectos especiais da "EON Reality" a nível global - "os que requerem maior sofisticação de imagem e funcionalidade" -, mas a contraproposta resultou neste acordo em regime de "outsourcing". Dada a origem do parceiro, que conta ainda com filiais no Reino Unido, Singapura e Suécia, os Estados Unidos são o mercado com maior peso (30%) na facturação da Insizium, que, a três meses do fecho do ano, "ainda está aquém dos 20 milhões de euros estipulados" para 2013. Além do valor das encomendas, "o mais importante [nesta colaboração] é [o efeito] na imagem e na projecção" da empresa nacional, que poupa também no investimento em marketing, já que "eles é que estão nos diversos mercados, nós só executamos".


Apesar de ter clientes em vários sectores, o foco da especialização está nas indústrias da defesa e do petróleo. Na actual carteira de projectos tem, por exemplo, a simulação de um teatro de operações de guerra com neve para um país que não pode divulgar. Ou uma refinaria virtual para o Qatar, que possibilita a um trabalhador, antes mesmo de começar a operar no terreno, aprender e treinar virtualmente todos esses procedimentos num contexto totalmente imersivo.

 

 

 

 

Perguntas a João Vieira, Administrador da Insizium

 

"Participação dos privados angolanos está a ser ultimada e pode chegar a 20%"

 

No início deste ano propuseram ao governo angolano um projecto para renovação das esquadras de polícia e quartéis de bombeiros. Já fecharam negócio?
Vou a Angola ainda este mês para tentar finalizar isso. É um conceito chave-na-mão, em que desenvolvemos o edifício e a parte tecnológica que lhe está associada com salas de tiro virtuais, simuladores de treino e de gestão de catástrofes e de planeamento logístico. A nossa estratégia hoje é analisar países, orçamentos de estado, ver as necessidades e depois fazer as propostas. Foi o que fizemos em Angola: vimos as necessidades e vimos que era bom ir para o lado da Protecção Civil.


Falou-se também do interesse de empresas privadas angolanas entrarem no capital da Insizium.
Para entrarmos e crescermos no mercado de Angola tem de haver entidades locais a participar. Por outro lado, as entidades privadas angolanas têm liquidez e nós temos de nos capitalizar onde há dinheiro. Estamos a ultimar essa entrada [dos angolanos] e a percentagem [no capital da Insizium] pode chegar aos 20%. Como fazemos muita investigação e desenvolvimento, obriga-nos a ter esse músculo financeiro.


Estão a recrutar?
Actualmente somos 25 pessoas e até ao final do ano queremos ter 35 colaboradores. Estamos a contratar para as posições de programação, ilustração, estereoscopia ou design. Tem sido um processo difícil -, mas não é só em Portugal - porque as pessoas vêm com formação académica, mas a experiência profissional é específica. E não estão habituadas a trabalhar em projectos desta envergadura, falta a prática. É preciso um período para organizar os recursos para perceberem a imagem da empresa e para serem produtivos em equipa.

 

 

 

Ideias-chave


Projecto demorou oito anos a sair do papel e a ter aplicação na área industrial, educativa ou do puro entretenimento


 

 1  15 anos a fermentar a ideia até dar dinheiro
Foi em 1997 que João Vieira decidiu que precisava de criar uma empresa na área do "3D", mas a criação do conceito só aconteceu em 2004. A Insizium foi formalmente constituída em 2008 quando conseguiu reunir o capital para realizar o investimento necessário para o arranque operacional, que só aconteceu no ano passado.

 

 

 2  Estrutura de capital na mão de cinco sócios
O fundador detém 55,67% do capital e os norte-americanos da EON Reality Inc. somam um terço (33,33%). A actual estrutura accionista inclui ainda Gilberto da Rocha (6,5%), Mário Aires Martins (2,25%) e Manuel Castro (2,25%).

 


 3  Investimento na feira
Do total de 10 milhões de euros previstos para o arranque da operação estão já realizados oito milhões de euros. O investimento inclui o Centro Digital Interactivo instalado no Europarque (onde tem a sede e o parque de produção) e o Centro de Experiência e Descoberta, um "show room" de 790 metros quadrados no centro de ciência "Visionarium", também em Santa Maria da Feira.

 

 

 4  Um aquário virtual na montra mundial
O projecto "mais interessante" foi um aquário virtual para os parques de diversão da "Palace Entertainment", um dos maiores "players" a seguir à Disney, com 13 milhões de visitantes anuais em 40 espaços nos EUA.

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