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Freitas diz «Nunca digas Nunca» sobre eventual candidatura presidencial
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, deixou em aberto a possibilidade de uma eventual candidatura às presidenciais em entrevista ao «Diário de Notícias», apesar de sublinhar que não está a trabalhar nesse sentido.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, deixou em aberto a possibilidade de uma eventual candidatura às presidenciais em entrevista ao «Diário de Notícias», apesar de sublinhar que não está a trabalhar nesse sentido.
Questionado sobre se rejeita a hipótese de se candidatar às eleições presidenciais de 2006, Freitas do Amaral respondeu «never say never (nunca digas nunca). Eu sei lá o que me vai acontecer daqui a seis meses».
Parte desta entrevista foi antecipada pelo jornal na terça-feira, nomeadamente declarações de Freitas do Amaral sobre a ineficácia do Governo em explicar ao país as medidas de contenção e o desacordo com o primeiro-ministro por este ter prometido não aumentar os impostos durante a campanha eleitoral.
Na entrevista publicada hoje na íntegra, o ministro começa por dizer que o «facto de ter aceite o convite para integrar o governo» não o impedirá, como a qualquer outro membro do executivo, «de eventualmente ser candidato» às eleições presidenciais como a qualquer outro cargo electivo.
À pergunta sobre se acharia estranho que poucos meses depois de ter tomado posse como ministro deixasse o governo para se candidatar a Belém, Freitas do Amaral declarou: «Estranho, não acho que fosse. Seria com certeza pouco habitual».
Apesar de não fechar a porta, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros referiu que não quer abrir «nenhuma especulação» à sua eventual candidatura e afirmou que está muito bem onde está e a fazer uma «coisa» de que gosta «muito».
Freitas do Amaral acrescentou também que desde a eleição do actual Presidente da República, Jorge Sampaio, que decidiu que «não faria nada para uma candidatura presidencial».
«É excesso de especulação estar sempre a pensar que eu tenho esse objectivo (da candidatura) escondido, quando a verdade é que eu não faço rigorosamente nada para atingir tal objectivo. Há outros que o fazem, mas eu não faço isso e isso quer dizer que não estou empenhado na corrida às presidenciais».
O ministro considerou que há o «perigo potencial» de a eventual candidatura do ex-primeiro-ministro, Cavaco Silva, às presidenciais poder colocar em risco a estabilidade política e a estabilidade da legislatura.
Também a propósito das eleições para Belém, Freitas do Amaral notou que é a primeira vez desde 1976 que a cinco meses das eleições ainda não se conhecem os candidatos presidenciais.
«Se isso revela falta de interesse pelo cargo é mau para o sistema político. Se revela excesso de táctica é mau para a democracia porque a democracia exige que uma eleição presidencial seja precedida de um amplo debate nacional».
Questionado se votaria no socialista Manuel Alegre, apontado como potencial candidato do PS às presidenciais, o antigo líder e fundador do CDS respondeu: «Em democracia o voto é secreto».
Na entrevista de quatro páginas, Freitas do Amaral disse também que gostava de deixar no seu ministério (Negócios Estrangeiros) uma «marca reformista».
No âmbito da União Europeia, referiu a necessidade de «afirmar a vocação europeia de Portugal» e a capacidade do país de fazer propostas «que mereçam o consenso» dos parceiros europeus.
«Defender os interesses nacionais legítimos de um país que não é dos mais desenvolvidos da Europa» é outro objectivo para que Portugal possa «crescer mais depressa e atingir mais rapidamente a média europeia».
Na entrevista, o ministro abordou a necessidade de potenciar o valor do conjunto dos países que formam a Comunidade dos países de Língua Portuguesa (CPLP) como forma de defender a língua portuguesa.
Freitas do Amaral referiu a possibilidade de virem a ser encerradas algumas embaixadas, mas também a necessidade de abrir outras, nomeadamente nos dez países que acabaram de entrar para a União Europeia e naqueles que se preparam para entrar.
Para o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o tratado europeu não pode ser ratificado sem referendo e o atraso na definição do orçamento da UE «não é grave, no sentido em que ainda não é tarde».