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Franceses «chumbam» Tratado para a Constituição Europeia

Os eleitores franceses rejeitaram o Tratado para a Constituição Europeia, com 55% dos eleitores a votarem «não» no referendo de ontem, numa votação que registou um recorde de afluência às urnas.

30 de Maio de 2005 às 08:23
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Os eleitores franceses rejeitaram o Tratado para a Constituição Europeia, com 55% dos eleitores a votarem «não» no referendo de ontem, numa votação que registou um recorde de afluência às urnas.

A percentagem de votos favoráveis ao «não» ficou nos 55%, com 45% dos votos no «sim», anunciou o Governo.

Os franceses compareceram às urnas em percentagem recorde, acima dos 70% - entre os 76 e os 82,5%, segundo as estimativas dos institutos de sondagens. Um desses institutos, o IPSOS, apontava, para uma participação entre os 76 e os 80 por cento, enquanto o CSA falava de 82,5 por cento.

As projecções no fecho das urnas confirmaram a trajectória ascendente no «não» nas  últimas semanas da campanha, que terminou com a generalidade das sondagens a preverem a rejeição do Tratado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Michel Barnier,foi o primeiro responsável governamental a assumir a derrota, que classificou como uma «grande decepção».

 Também a ministra da Defesa Michele Alliot-Marie veio a público classificar como uma «derrota para a França e uma derrota para a Europa» o resultado do referendo.

Meia hora depois das primeiras projecções foi a vez do presidente da República, Jacques Chirac, falar ao país para reconhecer que a decisão dos franceses «é soberana».

Chirac ficou sob grande pressão perante este resultado, havendo mesmo quem defendesse a sua demissão perante a previsível vitória do «não» que veio a concretizar-se. Espera-se que em consequência deste resultado, o Presidente efectue uma remodelação governamental e afaste o actual primeiro-ministro Jean Pierre Raffarin, cujas reformas altamente impopulares são apontadas como estando na base da oposição dos franceses ao Tratado Constitucional.

Mas as dificuldades não são exclusivas do campo governamental. O Partido Socialista Francês foi mesmo aquele onde foram evidentes as maiores divisões, apesar de a linha oficial ser favorável à aprovação do tratado. É assim de prever que o seu líder François  Hollande possa estar de saída.

O «não» francês pode mergulhar a União Europeia numa crise inédita. O Tratado constitucional, que já tinha sido ratificado por nove países, vai também ser objecto de referendo na Holanda na próxima quarta-feira. Quando as sondagens indicam a preferência dos holandeses pelo «não», é de prever que os resultados em França estimulem ainda mais o campo contrário ao Tratado.

O Tratado foi assinado em Outubro do ano passado em Roma, após um longo período de negociações no âmbito da Convenção presidida por Giscard d’Estaing, e impõe a ratificação pelos 25 estados membros até 2006.

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