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Florestas e "fundo verde" podem salvar Cancún

"Qualquer acordo vinculativo está fora de questão. Nem com um milagre isso seria possível". A opinião de Viriato Soromenho-Marques, coordenador científico do programa Gulbenkian Ambiente, espelha as expectativas que existem, actualmente, em relação ao desfecho da Cimeira de Cancún e à possibilidade de alcançar um acordo que substitua o Protocolo de Quioto.

07 de Dezembro de 2010 às 14:07
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A 16ª Conferência das Partes (COP16), que decorre até dia 10 de Dezembro em Cancún, no México, deverá chegar ao fim sem um acordo internacional vinculativo mas com entendimentos em áreas importantes, como as florestas, o financiamento e a mitigação. As próprias Nações Unidas, organizadoras do encontro, admitiram que, ao contrário do que aconteceu em Copenhaga, a "ordem do dia em Cancún é pragmatismo: devemos realizar progressos onde podemos e nos temas que podemos".

Assim definiram como prioridades "uma série de entendimentos" que permitam travar a destruição das florestas, que representa 15% das emissões de dióxido de carbono, transferir tecnologia para mitigar os efeitos das alterações climáticas nos países mais pobres e criar um "fundo verde" de ajuda aos países em desenvolvimento no montante de

Mas "o que se alcançar em Cancún, será sempre pouco e ninguém tentará fazer de Cancún um sucesso por causa do que for acordado", afirma Gonçalo Cavalheiro, "partner" da CAOS – Borboletas e Sustentabilidade.

"Cancún será, como muitas outras reuniões o foram, uma reunião de trabalho, uma reunião de continuação. Ultimamente é que se criou a expectativa de que todas as Conferências das Partes devem resultar em estrondosos sucessos", acrescenta Gonçalo Cavalheiro, referindo-se à onda de optimismo que se criou em torno da Cimeira de Copenhaga no final de 2009 e que fez viajar até à capital dinamarquesa dezenas de chefes de Estado na esperança de assinarem um acordo internacional vinculativo.

O desfecho dificilmente podia ter sido pior e Copenhaga paira hoje como um "fantasma" na Cimeira de Cancún. "O elefante na sala tem sido o fantasma de Copenhaga", afirmou o representante da delegação da Colômbia na COP16.

"Temos tempo para esperar?"

Os delegados presentes na COP16 admitiram, ontem, a possibilidade de adiar dois anos, ou seja até 2012, data em que termina o Protocolo de Quioto, a definição de novas metas de emissões de CO2. A representante máxima das Nações Unidas, Christiana Figueres, afirmou que esta reunião não tem como objectivo "resolver os desentendimentos em torno do Protocolo de Quioto" mas sim repor a credibilidade das negociações, após o colapso de Copenhaga”.

A grande questão, destaca Gonçalo Cavalheiro, é saber se "temos tempo para esperar". É que "de acordo com os cientistas, o pico máximo das emissões mundiais tem que ser atingido em 2015. Daí em diante tem que se verificar uma redução global, sob pena de não conseguirmos evitar o pior dos cenários".

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