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Estónia entra no "navio" atribulado do euro

Melhor num "navio", ainda que a enfrentar uma tremenda tempestade, do que manter-se num "bote" amarrado… ao mesmo "navio", explicam em Tallin.

Estónia entra no "navio" atribulado do euro
31 de Dezembro de 2010 às 13:45
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A crise orçamental e da dívida soberana europeia não impediu os responsáveis da Estónia de manterem de pé a sua decisão de aderir ao euro com a viragem do ano. A partir de agora, o "navio" do euro terá 17 tripulantes, sendo que a Estónia sabe bem o que é austeridade, depois de ter sido forçada a compensar com cortes draconianos nos salários e nas prestações sociais as avultadas injecções de capitais feitas nos bancos.

"Estamos num pequeno barco amarrado a um navio no meio do oceano. Numa tempestade ou noutras circunstâncias, iríamos sentir-nos melhor a bordo" do navio, explica o ministro das Finanças, Jurgen Ligi (na foto).


Enquanto países como a Polónia e a República Checa adiam a adesão ao euro, a Estónia será o primeiro país a aderir à moeda única desde o início da crise.

Mais de 90% dos empréstimos privados da Estónia estão denominados em euros, com a maioria a estarem indexados às taxas Euribor, o mercado de crédito interbancário a que estão indexados a generalidade dos empréstimos da Zona Euro.

"O que a Zona Euro oferece é a partilha de risco", afirma a estratega do Threadneedle Asset Managemente, Agnes Belaisch. "Existem claros benefícios em ter irmãos mais velhos", exemplificou à Bloomberg.


Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, faz uma leitura ainda mais benigna. "É a prova de que ninguém quer sair do euro e de que outros procuram entrar".

A Estónia aderiu à União Europeia em 2004, 13 anos após ter reconquistado a independência, com o desmembramento da União Soviética. Será o primeiro Estado do Báltico e o terceiro país que anteriormente pertencia ao bloco comunista, depois da Eslováquia e da Eslovénia, a entrar na Zona Euro.

Segundo as últimas previsões de Bruxelas, a Estónia é uma espécie de paraíso das finanças públicas: deverá fechar o ano com um défice de 2,4% do PIB e uma dívida pública de 9,6%, e converter-se no único bom aluno de um "clube" onde, em 2010, ninguém respeitará o limite de 3% para o défice e apenas quatro o farão para a dívida (que os Tratados limitam a 60% do PIB).


Segundo a Comissão Europeia, a Estónia é o único dos nove países europeus aspirantes ao euro – juntamente com Bulgária, República Checa, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia, Roménia e Suécia – com requisitos para o fazer.

Entre Abril de 2009 e Março de 2010, o país registou uma quebra dos preços de - 0,7%, inferior ao valor de referência da inflação europeia, de 1%, calculado para esse período. Já o défice cifrou-se em 2009 em 1,7% do PIB e dívida pública em 7,2%.
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