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OCDE: Esperança média de vida aumenta, mas só para alguns
A OCDE traçou, num relatório divulgado esta quarta-feira, o perfil da saúde dos seus países membros. No que respeita à esperança média de vida, esta varia consoante o género e a facilidade de acesso aos cuidados de saúde.
Na sua análise, os autores do documento divulgado esta quarta-feira enumeram cinco principais conclusões.
1. Novos medicamentos vão aumentar a despesa farmacêutica
Em 2013, a despesa com a indústria farmacêutica na OCDE atingiu os 800 mil milhões de dólares, o que representa cerca de 20% do total dos custos de saúde quando a factura com as farmacêuticas é somada às despesas dos hospitais.
Nos últimos anos, a venda a retalho das farmácias abrandou na maioria dos países da OCDE. Ao mesmo tempo, a despesa dos hospitais com a indústria farmacêutica aumentou.
O aparecimento de medicamentos de elevado custo e dirigidos a determinadas condições clínicas, que se destinam a pequenos grupos populacionais e/ou doenças complexas desencadeou todo um novo debate em torno da sustentabilidade e eficiência dos gastos farmacêuticos, refere ainda o relatório.
O documento elogia ainda a revisão do preço dos medicamentos e a introdução de medicamentos genéricos em Portugal, na Irlanda e na Grécia.
2. A esperança média de vida continua a aumentar, mas não para todos
A esperança média de vida tem aumentado entre três a quatro meses por ano. Em 2013, a esperança média de vida na OCDE era de 85 anos, um aumento de cerca de uma década desde 1970. No Japão, Espanha e Suíça, a esperança média de vida já excede os 82 anos.
Assinale-se ainda a evolução da esperança média de vida na Índia, Indonésia, Brasil e China, que aumentou nos últimos anos para números próximos da média da OCDE. As diferenças surgem também quando se analisam os diferentes níveis qualificação académica. Pessoas mais qualificadas vivem, em média, mais seis anos. No caso dos homens a diferença pode chegar aos oito anos.
3. Nunca houve tantos médicos e enfermeiros nos países da OCDE
Desde 2000 que o número de médicos e enfermeiros cresceu em quase todos os países da OCDE, quer em números absolutos quer em número de enfermeiros per capita. O aumento do número de profissionais deve-se ao aumento de vagas de cursos de medicina e enfermagem, bem como ao aumento do número de profissionais estrangeiros a trabalharem em países da OCDE para responder às necessidades a curto-prazo.
Também o número de especialistas aumentou. Existem agora dois médicos especialistas para cada médico de clínica geral. Em alguns países, o baixo número de médicos de clínica geral levanta preocupações ao nível do acesso aos cuidados primários.
4. Custos elevados continuam a ser uma barreira no acesso aos cuidados de saúde
Todos os países da OCDE têm uma cobertura de serviços de saúde universal para um conjunto básicos de serviços, com excepção da Grécia, Estados Unidos e Polónia. No país helénico, a crise económica levou à perda da cobertura do seguro de saúde entre os desempregados e trabalhadores por conta própria. Nos Estados Unidos, a percentagem de pessoas sem seguro desceu desde a implementação do ObamaCare e é expectável que o número continue a diminuir.
Os custos de acesso aos cuidados de saúde constituem barreiras. Em média, os pacientes são responsáveis pelo pagamento directo de 20% das despesas – desde menos de 10% em França ou Reino Unido até cerca de 30% no México, Coreia do Sul, Chile e Grécia.
Na Grécia a redução da despesa pública com a saúde, devido à crise económica, implicou um aumento de 4% nas despesas das famílias. Assim, faz sentido que doentes com baixos rendimentos se mostrem entre quatro a seis vezes mais insatisfeitos comparativamente a pacientes com mais rendimentos.
5. Melhorias nos cuidados de saúde não são suficientemente rápidas
Apesar do progresso conquistado na redução da mortalidade por ataques de coração e Acidente Vascular Cerebral (AVC), existe ainda muito espaço para melhorar, alertam os autores do estudo. A taxa de sobrevivência melhorou, graças a um diagnóstico mais precoce e tratamento. No entanto, é necessário reduzir o custo de internamento hospitalar, no contexto de envelhecimento das sociedades e de um crescente número de pessoas com uma ou mais doenças crónicas.
Receitas farmacêuticas também podem ser utilizadas como indicadores de qualidade de saúde. A OCDE alerta, por exemplo, que um elevado consumo de antibióticos não é necessariamente positivo, uma vez que traduz, por vezes, um uso desnecessário. Reduzir o seu consumo é complexo e implica uma regulação e educação de médicos e pacientes.