Notícia
Espanha e Chipre motivam reunião extraordinária do Eurogrupo
Ministros das Finanças reúnem-se ao início da tarde por teleconferência. Quatro "grandes" do euro encontram-se depois em Paris, antes do frente-a-frente entre Merkel e Hollande, para preparar a cimeira do "futuro do euro".
Os ministros das Finanças dos países da Zona Euro vão reunir-se ao início da tarde por teleconferência. O agendamento do encontro extraordinário está relacionado com o pedido de ajuda de Espanha e de Chipre para a recapitalização de alguns dos seus bancos, noticia a Bloomberg.
O governo cipriota anunciou esta segunda-feira que decidiu requerer assistência financeira dos fundos europeus de resgate.
Chipre precisa de angariar o equivalente a 10% do seu PIB só para recapitalizar o seu segundo maior banco, muitíssimo exposto à crise grega. Até ao fim deste mês, o Cyprus Popular Bank terá de encontrar financiadores para1,8 mil milhões de euros.
"O objectivo do pedido de assistência é conter os riscos para a economia cipriota, designadamente os decorrentes do seu sector financeiro devido à sua ampla exposição à economia grega", justifica o governo cipriota que não quantifica o pedido de ajuda nem especifica a modalidade pretendida.
Segundo a Bloomberg, Bruxelas prefere que Chipre peça um financiamento mais global e longo, da ordem dos 10 mil milhões de euros, mas Nicosia tem resistido, preferindo uma ajuda menos intrusiva e mais ligeira, da ordem dos quatro mil milhões de euros, unicamente destinada à banca que foi muito afectada pelo "perdão" da dívida pública grega e também pela recessão persistente no país vizinho.
O Governo cipriota terá, entretanto, negociado um segundo empréstimo russo, depois dos 2,5 mil milhões já acordados em Dezembro de 2011.
Chipre aderiu à União Europeia em 2004 e tornou-se membro do euro em 2008. É o quinto país da união monetária que, perante as condições mais gravosas impostas pelos mercados financeiros, pede auxílio financeiro aos seus parceiros. O primeiro a fazê-lo foi a Grécia, em Maio de 2010. Seguiram-se Irlanda e Portugal. Espanha pediu há duas semanas ajuda, mas só para a banca - pedido que foi também nesta segunda-feira formalizado, depois de os parceiros europeus terem prometido há duas semanas um empréstimo até 100 mil milhões de euros.
Madrid volta a emitir alerta
Esta manhã, em Madrid, o presidente do Governo espanhol voltou a admitir implicitamente que o pedido de ajuda a banca venha a ser seguido de um de ajuda ao Estado, ao sublinhar que que Espanha não pode se financiar "durante muito tempo" aos preços actuais do mercado, advertindo que, com o actual risco de dívida, "é muito difícil que a economia possa crescer".
Esse é um problema que será hoje certamente avaliado no encontro reservado aos ministros das Finanças dos quatro maiores países do euro que se reúnem em Paris, antes do frente-a-frente entre Angela Merkel e François Hollande, também na capital francesa, para preparar a cimeira europeia de amanhã e sexta-feira. O encontro entre a chanceler alemã e o presidente francês será fundamental para se perceber até que ponto as capitais serão capazes de se entender sobre o grau de transferência de poderes que julgam necessário – e estão dispostas a ceder – para dar ao euro o "governo europeu" de que precisa para sobreviver.
União orçamental é prioridade
Para a chanceler alemã, o essencial e mais urgente é reforçar a união orçamental, abrindo caminho a um Tesouro e até a um ministro das Finanças europeu, que garanta uma maior partilha de responsabilidades logo na elaboração dos orçamentos de cada país. Só nesse quadro é que Berlim está disposta a avançar com expedientes de partilha de responsabilidade no pagamento de dívidas.
Já Paris considera que as etapas devem, até certo ponto, ser invertidas, preferindo mais solidariedade antes de uma maior integração política, que promete voltar a ser contestada por um país que, no campeonato europeu do apego à soberania, compete frequentemente com o Reino Unido.
O documento de reflexão ontem proposto por Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, resultado de uma reflexão conjunta que envolveu Mário Draghi (BCE), Jean-Claude Juncker (Eurogrupo) e Durão Barroso ( Comissão Europeia , alinha-se pelas teses alemãs: a possibilidade de se avançar "numa perspectiva de médio prazo", com a emissão conjunta de dívida ficaria sempre dependente dos progressos realizados no plano da integração orçamental.
Nesse contexto, o texto que será submetido à cimeira sugere que limites máximos do défice e da dívida públicos de cada país do euro devam passar a ser anualmente fixados em comum acordo. O Governo que falhar só poderá emitir mais dívida se receber autorização prévia dos seus parceiros que podem também exigir alterações ao respectivo Orçamento.
Refere-se ainda que uma união orçamental plenamente integrada exigiria maiores capacidades ao nível europeu para gerir as interdependências económicas e, em ultima análisee, uma entidade orçamental: um Tesouro europeu.
O governo cipriota anunciou esta segunda-feira que decidiu requerer assistência financeira dos fundos europeus de resgate.
Chipre precisa de angariar o equivalente a 10% do seu PIB só para recapitalizar o seu segundo maior banco, muitíssimo exposto à crise grega. Até ao fim deste mês, o Cyprus Popular Bank terá de encontrar financiadores para1,8 mil milhões de euros.
"O objectivo do pedido de assistência é conter os riscos para a economia cipriota, designadamente os decorrentes do seu sector financeiro devido à sua ampla exposição à economia grega", justifica o governo cipriota que não quantifica o pedido de ajuda nem especifica a modalidade pretendida.
Segundo a Bloomberg, Bruxelas prefere que Chipre peça um financiamento mais global e longo, da ordem dos 10 mil milhões de euros, mas Nicosia tem resistido, preferindo uma ajuda menos intrusiva e mais ligeira, da ordem dos quatro mil milhões de euros, unicamente destinada à banca que foi muito afectada pelo "perdão" da dívida pública grega e também pela recessão persistente no país vizinho.
Chipre aderiu à União Europeia em 2004 e tornou-se membro do euro em 2008. É o quinto país da união monetária que, perante as condições mais gravosas impostas pelos mercados financeiros, pede auxílio financeiro aos seus parceiros. O primeiro a fazê-lo foi a Grécia, em Maio de 2010. Seguiram-se Irlanda e Portugal. Espanha pediu há duas semanas ajuda, mas só para a banca - pedido que foi também nesta segunda-feira formalizado, depois de os parceiros europeus terem prometido há duas semanas um empréstimo até 100 mil milhões de euros.
Madrid volta a emitir alerta
Esta manhã, em Madrid, o presidente do Governo espanhol voltou a admitir implicitamente que o pedido de ajuda a banca venha a ser seguido de um de ajuda ao Estado, ao sublinhar que que Espanha não pode se financiar "durante muito tempo" aos preços actuais do mercado, advertindo que, com o actual risco de dívida, "é muito difícil que a economia possa crescer".
Esse é um problema que será hoje certamente avaliado no encontro reservado aos ministros das Finanças dos quatro maiores países do euro que se reúnem em Paris, antes do frente-a-frente entre Angela Merkel e François Hollande, também na capital francesa, para preparar a cimeira europeia de amanhã e sexta-feira. O encontro entre a chanceler alemã e o presidente francês será fundamental para se perceber até que ponto as capitais serão capazes de se entender sobre o grau de transferência de poderes que julgam necessário – e estão dispostas a ceder – para dar ao euro o "governo europeu" de que precisa para sobreviver.
União orçamental é prioridade
Para a chanceler alemã, o essencial e mais urgente é reforçar a união orçamental, abrindo caminho a um Tesouro e até a um ministro das Finanças europeu, que garanta uma maior partilha de responsabilidades logo na elaboração dos orçamentos de cada país. Só nesse quadro é que Berlim está disposta a avançar com expedientes de partilha de responsabilidade no pagamento de dívidas.
Já Paris considera que as etapas devem, até certo ponto, ser invertidas, preferindo mais solidariedade antes de uma maior integração política, que promete voltar a ser contestada por um país que, no campeonato europeu do apego à soberania, compete frequentemente com o Reino Unido.
O documento de reflexão ontem proposto por Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, resultado de uma reflexão conjunta que envolveu Mário Draghi (BCE), Jean-Claude Juncker (Eurogrupo) e Durão Barroso ( Comissão Europeia , alinha-se pelas teses alemãs: a possibilidade de se avançar "numa perspectiva de médio prazo", com a emissão conjunta de dívida ficaria sempre dependente dos progressos realizados no plano da integração orçamental.
Nesse contexto, o texto que será submetido à cimeira sugere que limites máximos do défice e da dívida públicos de cada país do euro devam passar a ser anualmente fixados em comum acordo. O Governo que falhar só poderá emitir mais dívida se receber autorização prévia dos seus parceiros que podem também exigir alterações ao respectivo Orçamento.
Refere-se ainda que uma união orçamental plenamente integrada exigiria maiores capacidades ao nível europeu para gerir as interdependências económicas e, em ultima análisee, uma entidade orçamental: um Tesouro europeu.