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Endividamento das famílias atinge 117% do rendimento disponível

A concessão de empréstimos de instituições de crédito a particulares aumentou cerca de 10% o ano passado, segundo o relatório da Primavera do Banco de Portugal. O endividamento das famílias em percentagem do rendimento disponível atingiu os 117%, em 2004,

03 de Maio de 2005 às 16:00
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A concessão de empréstimos de instituições de crédito a particulares aumentou cerca de 10% o ano passado, segundo o relatório da Primavera do Banco de Portugal. O endividamento das famílias em percentagem do rendimento disponível atingiu os 117%, em 2004, mais 7 pontos percentuais que no ano anterior.

Os empréstimos concedidos destinaram-se principalmente à aquisição de habitação, um segmento que se manteve «particularmente dinâmico, suportado pelos níveis historicamente baixos das taxas de juro e pela política de diversificação das formas contratuais por parte dos bancos», explica o BP, no Boletim Económico Primavera.

O recurso ao crédito ao consumo e outros fins que não habitação também aumentou, em 2004, «em linha com a recuperação do consumo privado».

«Esta pressão reflectiu-se numa diminuição dos ‘spreads’ e no alargamento dos prazos contratuais e outros mecanismos que permitem diferir no tempo a amortização da dívida hipotecária», diz a instituição liderada por Vítor Constâncio.

O Banco de Portugal chama a atenção para o rácio de endividamento privado em percentagem do rendimento disponível dos portugueses «que se situa num valor muito elevado em termos internacionais».

O consumo privado cresceu 2,5% em termos reais em 2004, recuperando face à ligeira queda registada em 2003.

O Banco de Portugal refere que «a recuperação do consumo privado foi transversal à generalidade das suas classes, mas mais intensa no que respeita aos bens duradouros, tradicionalmente mais sensíveis ao ciclo económico e às condições de financiamento». E destaca o crescimento em volume muito elevado na aquisição de automóveis.

Rendimento volta a crescer em 2004 mas poupança desce

A sustentar ainda o aumento do consumo privado esteve a subida do rendimento das famílias portuguesas, que aumentou 1% em termos reais em 2004, depois de ter baixado em 2003.

«A recuperação do rendimento disponível assentou em particular no crescimento elevado das remunerações do trabalho, que reflectiu uma variação positiva dos salários reais por trabalhador, em contraste com a redução observada em 2003, bem como uma evolução mais favorável do emprego por conta de outrem», refere o relatório.

Contudo, apesar do aumento do rendimento, como a subida do consumo foi superior, a taxa de poupança dos portugueses em 2004 baixou 1,5 pontos percentuais (ver tabela em baixo).

«Por um lado, a percepção de que a deterioração da situação no mercado de trabalho seria menos acentuada do que o esperado e de que o esforço de consolidação orçamental seria menos intenso do que o inicialmente admitido, contribuíram provavelmente para sustentar a recuperação do consumo privado», refere o Banco de Portugal.

«A manutenção das taxas de juro em níveis muito baixos e a diversificação das formas contratuais de crédito bancário, no sentido do diferimento no tempo das amortizações do crédito hipotecário, facilitaram a expansão da despesa dos consumidores», acrescenta.

A instituição liderada por Vítor Constâncio alerta ainda que «a possibilidade de alargamento do prazo residual dos empréstimos poderá ter contribuído para uma redução da componente "forçada" da poupança afecta anualmente à amortização de dívidas contraídas previamente, libertando assim recursos que podem ser afectos a consumo».

São já vários os bancos portugueses que, nos contratos para empréstimos à habitação, possibilitam o diferimento de parte do capital em dívida para a última prestação.

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