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Empréstimos a taxa fixa não são solução

«Os empréstimos à habitação com taxas de juro fixas associadas são, de um modo geral, mais penalizadores do que os de taxa variável», explicou ao Jornal de Negócios, João Fernandes, especialista de crédito da DECO, a associação de defesa do consumidor.

02 de Dezembro de 2005 às 07:26
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«Os empréstimos à habitação com taxas de juro fixas associadas são, de um modo geral, mais penalizadores do que os de taxa variável», explicou ao Jornal de Negócios, João Fernandes, especialista de crédito da DECO, a associação de defesa do consumidor.

Só no caso de se verificar uma subida muito acentuada das taxas de referência num curto espaço de tempo – tal como se verificou nos EUA, onde, em um ano e meio os juros directores passaram de 1% para 4% – é que uma taxa fixa seria interessante.

«Se entre o momento em que se contrai o empréstimo e a altura em que os juros variáveis atingem o nível dos juros fixos passarem, por exemplo, quatro anos, então, nesse espaço de tempo, estará a pagar juros desnecessariamente mais elevados», afirma João Fernandes. Além disso, «quanto maior for a duração do período de taxa fixa, mais elevados são os juros praticados pela instituição financeira e, por isso, mais penalizadores são», acrescenta. E «nada garante que daqui a alguns anos não haja uma inversão do ciclo dos juros», remata.

O Santander Totta lançou no início de Outubro o produto «Super Tranquilo», que tem associada uma taxa fixa durante 5 anos, passando depois a taxa variável. Ao que o Jornal de Negócios apurou, existem outros bancos que se preparam para lançar produtos semelhantes.

A DECO considera que a melhor forma de defesa de quem contrai um empréstimo bancário é garantir que a sua taxa de esforço (ou seja, todos os encargos com créditos) não é demasiado elevada, permitindo fazer face aos expectáveis aumentos dos juros. Catarina Frade, do Observatório do Sobreendividamento partilha da mesma opinião. «É sempre desejável que exista uma folga financeira para que não se entre em situação de incumprimento».

Mas para quem já contraiu um empréstimo e está no limite de esforço financeiro, os dois especialistas referem que a solução passa por tentar negociar com o banco o «spread» associado ao seu empréstimo.

Outra forma de defesa é, na opinião de João Fernandes, ter atenção ao volume de créditos contraídos. Nos últimos anos, estimuladas pelos juros historicamente baixos, as famílias têm tido tendência para contratar inúmeros créditos bancários (para férias, compra de carro, computador, entre outros), reduzindo substancialmente a taxa de poupança. Agora começa a ser tempo de evitar algum endividamento, defende o especialista da DECO.

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