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Em dez anos, saldo migratório positivo compensou duas vezes perda populacional

Perda populacional em dez anos só não foi superior a 200 mil porque, em 2019 e 2020, houve um saldo migratório positivo. Imigrantes compensaram saldo natural negativo em ano de pandemia. No ano passado, Portugal teve um saldo positivo de 26 mil pessoas.

Consumo resistiu no terceiro trimestre apesar da inflação.
Phil Noble/Reuters
18 de Dezembro de 2022 às 00:01
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Portugal perdeu perto de 196 mil pessoas nos últimos dez anos, revela um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) divulgado este domingo. A perda populacional só não foi superior porque, em 2019 e 2020, houve um saldo migratório positivo, com o número de imigrantes a compensar o saldo natural negativo.

O estudo da FFMS mostra que, desde 2009, o saldo natural (diferença entre o número de nascimentos e mortes) tem sido negativo. Ou seja, há mais portugueses a morrer do que a nascer. Em 2011, foi atingido o valor mais baixo de sempre, com mais 45,2 mil mortes do que nascimentos. Mas, no ano da pandemia e no anterior, o panorama foi diferente.

"O saldo migratório [diferença entre o número de pessoas que imigram e as que emigram] foi negativo entre 2011 e 2016, inclusive, sendo positivo desde então. No entanto, só em 2019 e 2020 é que foi suficientemente elevado para compensar os saldos naturais negativos", indica o estudo da FFMS.


Em 2019, o saldo populacional foi positivo, com a população portuguesa a crescer em mais 19,3 mil, depois de o número de nascimentos ter sido inferior em 25,3 mil pessoas face às mortes e o saldo migratório a aumentar (mais 44,6 mil pessoas). No ano seguinte, o saldo populacional aumentou ainda mais (75 mil pessoas), com o saldo migratório positivo de 114,6 mil pessoas a compensar o saldo natural negativo.

A entrada de população estrangeira em Portugal tem contribuído também para o aumento da natalidade. Os dados mostram que, dos 79.582 bebés nascidos em 2021, "mais de 10 mil têm mãe estrangeira" (14%). "A proporção tem vindo a aumentar sucessivamente desde 2016, invertendo a tendência de decréscimo registada entre 2011 e 2015", refere a FFMS.

Em 2021, dos 79.582 bebés nascido em Portugal, 10.808 eram filhos de mãe estrangeira, o que corresponde a 13,6%.


Saldo migratório positivo de 26 mil pessoas no ano passado

Entre 2011 e 2014, saíram do país mais do dobro das pessoas que entraram, mas desde 2019 que os imigrantes representam mais do dobro dos emigrantes, em parte devido aos programas de apoio ao regresso de emigrantes ao país de origem como o Regressar, que já apoiou mais de milhares de famílias.

No caso dos emigrantes, são na sua maioria homens (60%), enquanto entre imigrantes a percentagem é mais equilibrada (51% homens vs. 49% mulheres). Isso significa que, na hora de deixar o país, são mais os homens que o fazem sozinhos. Já quem chega ao país vem normalmente acompanhado por outros membros da família, incluindo cônjuges.

A FFMS indica também que a maioria dos emigrantes e imigrantes estão em plena idade ativa (20 a 59 anos), mas o peso é mais acentuado entre os emigrantes (93%) que entre os imigrantes (70%). Nos dois casos, há uma maior incidência de fluxos migratórios entre os 25 e 29 anos.

No que toca à escolaridade, o estudo mostra que a emigração é "mais acentuada entre os mais qualificados": mais de um terço (34%) dos emigrantes com mais de 15 anos tinha um curso superior e 29% tinham o ensino secundário. 

"Em 2021, contrariamente ao que se vinha registando desde 2014, entre os que entraram por imigração, mais de metade foram regressos de pessoas nascidas em Portugal (52%)", diz a FFMS.

No ano passado, chegaram ao país mais cerca de 51 mil imigrantes e saíram cerca de 25 mil emigrantes, o que se traduziu num saldo positivo para Portugal de 26 mil pessoas.
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