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Economistas consideram «acertada» revisão das previsões do Banco de Portugal

A revisão em baixa da previsão de crescimento do PIB para 2001 por parte do Banco de Portugal foi considerada «acertada» pela generalidade dos economistas contactados pelo Negocios.pt, tendo em conta a degradação do cenário económico internacional.

14 de Novembro de 2001 às 18:10
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A revisão em baixa da previsão de crescimento do produto interno bruto (PIB) para 2001 por parte do Banco de Portugal foi considerada acertada pela generalidade dos economistas contactados pelo Negocios.pt, tendo em conta a degradação do cenário económico internacional.

O Banco de Portugal baixou as suas estimativas de crescimento do PIB no corrente ano para um intervalo entre os 1,5% e os 2%, valores que contrastam com a anterior previsão, datada de Junho, que apontava para um incremento entre 2% e 2,5%, de acordo com o Boletim Económico de Setembro.

A revisão avançada hoje «faz todo o sentido e justifica-se tendo em conta que depois de Junho é que se assistiu à degradação do cenário internacional», com os efeitos decorrentes dos atentados aos Estados Unidos (EUA), que agravaram a tendência de abrandamento económico global, defendeu Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI.

Poe seu turno, Leonardo Silva, economista do Banco Finantia, disse ao Negocios.pt que «as previsões do Banco de Portugal têm sido sempre credíveis e por norma têm sido as mais acertadas».

As novas previsões da instituição liderada por Vítor Constâncio comparam com a taxa de crescimento real do PIB de 3,5% atingida no ano passado, pelo que o Banco de Portugal admite que a desaceleração da economia nacional este ano poderá chegar aos dois pontos percentuais.

Na base da revisão em baixa das previsões do Banco de Portugal estiveram as perspectivas de «redução do contributo da procura interna para o crescimento» económico, em função da desaceleração de todas as suas componentes, mas «com destaque» para o consumo privado, que deverá progredir entre os 0,75% e os 1,25% este ano.

Governo pode rever cenário previsto no OE para 2002

A revisão realizada pelo Banco de Portugal «significa que o Governo terá de rever o cenário que utilizou para elaborar o Orçamento de Estado (OE), que já tinha sido o do banco de Portugal e que agora se revelou algo optimista», sublinhou Rui Constantino, economista do Santander Central Hispano (SCH).

O Governo prevê que o PIB nacional vai crescer entre os 2% e os 2,5% este ano, de acordo com os valores contidos na proposta de OE apresentada no mês passado e já aprovada na generalidade.

O Executivo já defendeu ser «quase impossível» verificar-se um aumento do PIB inferior a 2% no corrente ano, depois da economia nacional ter avançado 2,3% nos primeiros seis meses do ano, segundo dados avançados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Leonardo Silva, do Banco Finantia, considerou que «as previsões do OE são bastante mais credíveis no valor mais baixo do intervalo apresentado pelo Governo do que no valor superior», sublinhando que quando as mesmas foram apresentadas «já eram um pouco optimistas e podem agora ser consideradas um pouco más».

Também Cristina Casalinho sublinhou que «o cenário que tinha servido de base ao OE era relativamente optimista», referindo que «a nível de receitas (o Governo) poderá ter algumas surpresas desagradáveis e eventualmente poderia justificar-se uma revisão» dos valores apresentados pelo Governo para o PIB.

Os analistas foram unânimes em considerar que o Governo tem «espaço de manobra» para alterar estes valores, uma vez que falta aprovar o documento na especialidade, pelo que ainda podem ser introduzidas alterações no mesmo.

«Com a degradação do cenário, sobretudo do lado da receita, vamos ter dificuldades acrescidas em cumprir os objectivos que estavam definidos» para 2002, uma vez que «o ponto de partida de 2001 vai ser mais fraco do que o Governo estava a pressupor», concluiu Rui Constantino.

O Executivo prevê um crescimento das receitas fiscais de 6% para o conjunto de 2001, mas nos primeiros nove meses do ano as receitas aumentaram apenas 1,9%, segundo os dados da execução orçamental de Setembro.

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