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Economia alemã continua a fraquejar, mas sentimento europeu melhora
Consumo lento e queda das exportações levaram a novas revisões em baixa para o PIB alemão, com as previsões dos principais institutosdo país a citarem fatores cíclicos e estruturais que impedem a recuperação.
Os cinco principais institutos alemães reviram, novamente, nesta quarta-feira em baixa as previsões para a economia do país, publicando projeções conjuntas que veem agravado o quadro de estagnação na maior economia da Zona Euro.
O PIB da Alemanha deverá limitar-se a conhecer uma variação de 0,1% neste ano face a maior fraqueza que o antecipado no consumo privado e maior deterioração nas exportações. No outono, a expectativa comum era de que a economia pudesse crescer 1,3%.
"Fatores cíclicos e estruturais estão a conjugar-se num desenvolvimento económico geral anémico. Apesar de ser provável que a recuperação se inicie a partir da primavera, a dinâmica geral não será muito forte", indicou Stefan Kooths, responsável pelos dados económicos do Instituto Kiel, no comunicado comum das instituições.
Na leitura dos principais economistas do país, o consumo privado ainda deverá dar o principal contributo para a economia alemã em 2024, mas, para já, a dinâmica das famílias surge menos favorável do que era antecipado aqui.
Entretanto, o quadro agravado para as exportações – com as vendas para fora do espaço da União Europeia em quebra de 4,5% em fevereiro, face a um ano antes – só deverá começar a resolver-se no próximo ano. As previsões dos institutos Kiel, Ifo, DIW, IWH e RWI apontam para que o PIB alemão avance 1,4% em 2025.
Apesar do quadro de estagnação prolongado no horizonte, o mercado de trabalho permanecerá "robusto", com as previsões apontarem para um quadro de emprego praticamente inalterado, sem perdas. A taxa de desemprego, entretanto, deverá ainda assim subir ligeiramente neste ano, de 5,7% para 5,8%, segundo as previsões.
A projeção conjunta para inflação média anual aponta agora para 2,3% em 2024 e 1,8% em 2025, com expectativa de ganhos reais para os trabalhadores do país (a média salarial deverá avançar 4,6% neste ano e 3,4% no próximo).
Já no que diz respeito a perspetivas orçamentais, é esperado que o défice público alemão se reduza de 2,1% para 1,6% neste ano, e novamente para 1,2% em 2025.
Apesar da fragilidade no motor económico da moeda única, a Zona Euro voltou nesta quarta-feira a melhorar o indicador de sentimento económico, ainda que este persista abaixo do histórico de longo prazo. Os dados divulgados mostram uma subida de 95.5 em fevereiro para 96.3 em março. A melhoria foi generalizada aos vários setores de atividade com exceção da construção.
O indicador para as expectativas também voltou a melhorar, persistindo acima do histórico, melhorando na indústria, no comércio e na construção.
"A Zona Euro poderá estar agora à beira da recuperação. Após ter praticamente estagnado desde o quarto trimestre de 2022 e após dois meses inicias provavelmente fracos em 2024, a economia pode começar a expandir-se novamente a partir da primavera", segundo uma nota de comentário publicada pelo banco de investimento alemão Berenberg.
Entre os fatores de apoio citados estão a resistência do emprego, o processo de desinflação, e o esperado alívio da política monetária do Banco Central Europeu nos próximos meses.