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"É um Orçamento do Estado com muitas imprevisibilidades", diz Marcelo

Presidente da República defende que este é um Orçamento que assenta numa leitura da inflação "relativamente otimista" e que não vai tão longe quanto o de outros países, mas que também não ignora totalmente os problemas de setores que estão a sofrer de forma mais intensa.

Tiago Petinga
10 de Outubro de 2022 às 19:50
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O Presidente da República considera que o Orçamento do Estado para 2023, entregue esta segunda-feira na Assembleia da República, foi feito "num tempo difícil e com muitas imprevisibilidades", uma vez que não se sabe quanto tempo durará a guerra e que consequências ainda terá na vida das pessoas.

"Este é um OE que pega na almofada de 2022, pega naquilo que podem ser fundos europeus que deslizaram na sua execução - a ser injetados na sociedade portuguesa entre o final de 2022 e 2023 - para, sem correr risco de aumentar o défice e a dívida pública, poder acorrer não a todas, mas a algumas situações sociais mais difíceis", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

O Presidente da República acrescentou que este é um OE que não vai "tão longe quanto outros orçamentos de outros países - no pacote de ajudas sociais não foi tão longe para não correr muitos riscos -, mas que não pode ignorar que tem de ir acompanhando minimamente os problemas de setores sociais que estão a sofrer de forma mais intensa". "É neste equilíbrio que se joga este Orçamento", referiu.

O chefe de Estado assinalou, contudo, que pode ser atacado pelos dois lados: "pelos que dizem 'como é que se continua com a mania do défice e da dívida pública quando há tantos apertos', e pelos que dizem que 'o que acontece é que, por se estar a gastar demais, acabam por se criar situações que depois são de gestão difícil no futuro'".

Questionado sobre se considera que o Executivo poderia ter ido mais longe nos salários e nas pensões, tendo em conta que a inflação este ano é de 7,4%, Marcelo disse que "o Governo tem uma leitura sobre o que é a inflação, que é uma leitura relativamente otimista". O Governo "acha que a inflação vai começar a descer a partir do fim do ano. Há quem concorde, há quem não concorde", sublinhou. 

A sua posição quanto a este ponto é de que ninguém tem certezas. "Não tenho uma bola de cristal, há países na Europa e no espaço da OCDE onde a inflação já começou a descer, mas há outros onde ou subiram um bocadinho ou estão muito altos". 

"Mas [o Governo] pensa também, sobretudo em relação aos salários públicos, que isso iria fazer, não direi disparar o défice, mas desequilibrar mais as contas públicas. É neste equilíbrio - que acaba por não agradar nem a gregos nem a troianos - que o Governo está a fazer a navegação possível à vista da costa", salientou.

É um orçamento equilibrado? "Reconheço que é um OE que parte de uma situação com folga em 2022, gere essa folga sem correr muitos riscos, partindo do princípio que a situação vai evoluir favoravelmente naquilo que neste momento é mais doloroso para os portugueses, que é a subida dos preços", declarou, assumindo que as previsões do Governo são mais otimistas do que aquelas que tinha. 

"Tenho de admitir isso e aí não há nada como esperar para ver se o Governo tem razão. Se tiver, reconheço essa razão, se não tiver, então naturalmente estou atento com uma parte do meu pessimismo", garantiu.

Sobre o acordo de rendimentos alcançado durante o fim de semana com os parceiros sociais, Marcelo destacou o "sucesso para o Governo em termos políticos", mas frisou a "forma curiosa e talentosa de satisfazer algumas reivindicações imediatas das confederações pateronais e da UGT". "É muito concreto no imediato, é bem intencionado no médio prazo, mas, como imaginam, o médio prazo hoje é longuíssimo", alerta.

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