A desaceleração da inflação europeia nos próximos meses poderá ser menos acentuada que o previsto, devido aos recentes aumentos dos preços do petróleo, disse hoje o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Wim Duisenberg.

«A inflação europeia deverá abrandar para abaixo dos 2% nos próximos meses, mas este declínio poderá ser menos pronunciado que o previsto», considerou o líder da autoridade monetária europeia.

Duisenberg sublinhou que «os valores da inflação homóloga estão actualmente algo acima do que era esperado há alguns meses atrás», devido ao facto dos «preços do petróleo terem crescido significativamente».

A inflação da Zona Euro aumentou inesperadamente para os 2,5% em Março, face aos 2,4% registados no mês anterior. Os analistas previam que este indicador tivesse permanecido inalterado.

O preço dos contratos de futuros do barril de «brent», ou petróleo do Mar do Norte [CO1] subiu cerca de 35% desde o início deste ano, impulsionado pelas expectativas de retoma das principais economias mundiais e pelos receios de eclosão de um conflito no Médio Oriente, o que poderia levar à interrupção das remessas da região.

Ao longo dos últimos meses, o BCE adiantou por várias vezes que a inflação da Zona Euro deveria desacelerar até abaixo dos 2% ainda na primeira metade do ano. Wim Duisenberg adiantou recentemente que aquela meta poderia ser atingida ainda em Maio.

As declarações de hoje de Duisenberg (na foto) surgiram depois da reunião do BCE em que a instituição decidiu manter a sua taxa directora inalterada nos 3,25%. No entanto, para os próximos meses, os mercados antecipam já uma subida dos juros.

A taxa de rendibilidade dos contratos a três meses da Euribor com maturidade em Junho, caía hoje 0,01% para os para os 3,61%, sugerindo que os investidores estão a apostar numa subida nos juros de pelo menos 0,25% até ao final de Junho.

Wim Duisenberg reiterou hoje que o actual nível do preço do dinheiro na Zona Euro «continua a ser apropriado para assegurar a estabilidade dos preços no médio prazo».

Relativamente ao agregado da massa monetária da Zona Euro, ou M3, o mesmo responsável sublinhou que «neste momento» também não representa um perigo para a estabilidade dos preços.

No entanto, Duinsenberg afirmou que este indicador «poderá tornar-se uma fonte de preocupação a partir do momento em que se dê uma aceleração da recuperação económica». Em Fevereiro, o M3 situou-se nos 7,4%, continuando longe da meta de 4,5% fixada pelo BCE.