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Donald Trump não vai ter poder absoluto sobre os Estados Unidos

O embaixador dos EUA em Portugal explicou que, apesar dos presidentes norte-americanos gozarem de grande poder, não têm poder absoluto sobre o destino do país.

Bruno Simão/Negócios
14 de Janeiro de 2017 às 11:15
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Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e vai assumir o cargo a 20 de Janeiro. Apesar das muitas incertezas que existem em todo o mundo sobre Trump, o embaixador norte-americano destacou a complexidade do sistema político do país que impede que o novo inquilino da Casa Branca tenha poderes absolutos.

"Acredito que os valores do povo americano, e também do nosso sistema, vão contribuir para a estabilidade e o desenvolvimento do mundo", disse Robert Sherman na sexta-feira, 13 de Janeiro, durante o almoço em que fez o seu último discurso como embaixador em Portugal.

 

"Tenham em mente que não sabemos o que a nova administração vai fazer. Há muita retórica durante as campanhas, há muita retórica durante o período de transição",  afirmou, perante uma plateia de 200 convidados, entre cidadãos portugueses e norte-americanos e também para diplomatas de vários países em Portugal. 

O Governo português estava representado pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, um "bom amigo", como Robert Sherman fez questão de sublinhar.

No seu discurso de despedida, o embaixador destacou que um presidente norte-americano não dispõe de poder absoluto e que existe um poder legislativo em vigor que equilibra o poder do sistema político nos Estados Unidos, sublinhando os "checks and balances", o equílibrio existente entre o poder legislativo, executivo e judicial que existe nos Estados Unidos.

E deu um exemplo em concreto: "Durante a campanha e a transição dizia-se que os Estados Unidos iam desvalorizar o seu papel na NATO. Mas o novo secretário da Defesa, James Mattis, é um forte apoiante da NATO".

Durante os seus quase três anos em Portugal, Robert Sherman foi também um promotor do acordo de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos (TTIP) que está a ser negociado há vários anos por Bruxelas e Washington.

Acordo que pode vir a ser rasgado, à semelhança do que já aconteceu com o acordo que estava a ser negociado entre os EUA e vários países da região Ásia-Pacífico.

"Penso que temos de ter em conta que há uma grande diferença entre os parceiros asiáticos e os europeus: com quem temos uma história comum, valores comuns", disse Robert Sherman na sexta-feira em Lisboa.

"Vamos ter de ver o que vai acontecer. Mas penso que o comércio robusto entre a Europa e os Estados Unidos é no melhor interesse de todos nós e gostava que isso acontecesse", afirmou o embaixador que deixa o cargo na próxima semana.

"Sei que o presidente-eleito já disse que ele não gosta de acordos multilaterais, ele prefere acordos bilaterais, mas ele não está a dizer que não quer acordos de todo. Temos de ver como é que as coisas se desenvolvem. Eu não acredito que o novo presidente queira ser o responsável pelo declínio da economia", completou.

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