Notícia
Donald Trump não vai ter poder absoluto sobre os Estados Unidos
O embaixador dos EUA em Portugal explicou que, apesar dos presidentes norte-americanos gozarem de grande poder, não têm poder absoluto sobre o destino do país.
"Acredito que os valores do povo americano, e também do nosso sistema, vão contribuir para a estabilidade e o desenvolvimento do mundo", disse Robert Sherman na sexta-feira, 13 de Janeiro, durante o almoço em que fez o seu último discurso como embaixador em Portugal.
"Tenham em mente que não sabemos o que a nova administração vai fazer. Há muita retórica durante as campanhas, há muita retórica durante o período de transição", afirmou, perante uma plateia de 200 convidados, entre cidadãos portugueses e norte-americanos e também para diplomatas de vários países em Portugal.
O Governo português estava representado pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, um "bom amigo", como Robert Sherman fez questão de sublinhar.
No seu discurso de despedida, o embaixador destacou que um presidente norte-americano não dispõe de poder absoluto e que existe um poder legislativo em vigor que equilibra o poder do sistema político nos Estados Unidos, sublinhando os "checks and balances", o equílibrio existente entre o poder legislativo, executivo e judicial que existe nos Estados Unidos.
E deu um exemplo em concreto: "Durante a campanha e a transição dizia-se que os Estados Unidos iam desvalorizar o seu papel na NATO. Mas o novo secretário da Defesa, James Mattis, é um forte apoiante da NATO".
Durante os seus quase três anos em Portugal, Robert Sherman foi também um promotor do acordo de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos (TTIP) que está a ser negociado há vários anos por Bruxelas e Washington.
"Penso que temos de ter em conta que há uma grande diferença entre os parceiros asiáticos e os europeus: com quem temos uma história comum, valores comuns", disse Robert Sherman na sexta-feira em Lisboa.
"Vamos ter de ver o que vai acontecer. Mas penso que o comércio robusto entre a Europa e os Estados Unidos é no melhor interesse de todos nós e gostava que isso acontecesse", afirmou o embaixador que deixa o cargo na próxima semana.
"Sei que o presidente-eleito já disse que ele não gosta de acordos multilaterais, ele prefere acordos bilaterais, mas ele não está a dizer que não quer acordos de todo. Temos de ver como é que as coisas se desenvolvem. Eu não acredito que o novo presidente queira ser o responsável pelo declínio da economia", completou.