Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Embaixador EUA: "Portugal não precisa de esperar mais pelo rei Sebastião, ele já regressou"

"Acreditem em vocês próprios", disse o diplomata aos portugueses. No seu discurso de despedida, o diplomata norte-americano fez questão de sublinhar que os portugueses estão hoje mais optimistas do que há três anos.

Bruno Simão/Negócios
13 de Janeiro de 2017 às 16:16
  • ...

Robert Sherman aterrou em Lisboa em 2014. Quando iniciou funções, e em contacto com os portugueses, o então novo embaixador dos EUA em Portugal começou a reparar num traço comum de muitos portugueses: o pessimismo e a falta de auto-confiança. Mas aos poucos começou a notar mudanças na atitude nacional.

 

"Esta foi uma grande experiência em Portugal. Foi um emprego de sonho. E foi uma grande experiência porque observei a evolução de Portugal. De um país que não acreditava em si mesmo, que não pensava que podia desempenhar um papel importante a nível mundial, para um país que está a fazer coisas importantes no campo da tecnologia, no mundo da política, como no caso do António Guterres, e também no mundo do desporto com a vitória no Euro. Daqui a uns anos vou poder dizer, 'eu estava lá quando teve lugar esta grande transformação'", disse esta sexta-feira, 13 de Janeiro em Lisboa.

 

No momento de despedida dos portugueses, o embaixador deixou um conselho: "Acreditem em vocês próprios, e se jogarem em equipa, podem alcançar grandes coisas, tal como a selecção fez". E também  não poupou nos elogios. "Os portugueses são as pessoas mais bondosas, calorosas, e acolhedoras que eu já encontrei em qualquer lugar do mundo. E vou ter vos no meu coração para sempre".

 

No seu discurso de despedida perante mais de duas centenas de cidadãos portugueses e norte-americanos, o embaixador recordou quando chegou a Portugal há mais de dois anos. "Encontrei as pessoas muito derrotadas, que me diziam 'não conseguimos fazer isto, não conseguimos fazer aquilo'. Diziam-me, 'somos um pequeno país produtor de vinho, não conseguimos exportar. Ou então, 'não conseguimos vender os nossos produtos nos Estados Unidos a não ser para os portugueses que lá vivam'. E perguntaram-me até: Onde é que estão os americanos para nos ajudar?'".

 

"Uma vez perguntaram-me: 'os americanos tem uma opinião negativa dos portugueses?' E eu respondi que os portugueses é que têm uma opinião negativa dos portugueses, os americanos não conhecem Portugal", afirmou.

 

Comparou assim esta atitude com o sebastianismo e o regresso esperado do rei desaparecido na guerra em Marrocos há mais de 400 anos."Era como se os portugueses não tivessem a capacidade para resolverem os seus problemas e precisavam de um milagre ou do regresso do jovem rei".

 

Constatou que "existia uma atitude de auto-comiseração. Este pessimismo estava a corroer as pessoas. E eu não percebia isso, porque é que os portugueses têm tanta falta de confiança em si próprios"

 

E enumerou as várias qualidades que encontrou de Portugal durante o seu mandato. "Um país com beleza, com história, boa comida, bom vinho, uma nova geração cheia de ideias, com empreendedores. E sim, também as praias e o sol, mas também a generosidade e a bondade dos portugueses". 

 

Concluiu então que "Portugal não precisa de esperar mais pelo rei Dom Sebastião, ele já está cá".

Ver comentários
Saber mais Robert Sherman Lisboa Portugal António Guterres Estados Unidos Dom Sebastião questões sociais demografia emigrantes política economia negócios e finanças
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio