Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Dissidente chinês Liu Xiaobo recebe Nobel da Paz

O Prémio Nobel da Paz de 2010 foi hoje atribuído a Liu Xiaobo pela sua luta pelos direitos fundamentais.

08 de Outubro de 2010 às 10:30
  • 3
  • ...
"Liu Xiaobo foi distinguido pela sua luta longa e não violenta pelos direitos fundamentais da China", disse a Real Academia Sueca das Ciências.

Antigo professor universitário e crítico literário, Liu Xiaobo, de 54 anos, foi condenado em dezembro passado por um tribunal de Pequim a 11 anos de prisão, acusado de tentar "subverter o governo".

Liu Xiaobo foi detido pela última vez em Dezembro de 2008, depois de ter promovido um abaixo-assinado a favor da introdução de reformas políticas na China, nomeadamente o fim do regime de partido único, a independência do poder judicial e a liberdade de associação.

Foi a sua terceira detenção desde a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em Junho de 1989.

O manifesto, subscrito entretanto por mais de dez mil pessoas, chama-se "Carta 08", uma alusão à famosa Carta 77 lançada por Vaclav Havel na antiga Checoslováquia socialista.

"Devemos tornar universal a liberdade de expressão e de imprensa, garantindo que os cidadãos possam ser informados e exercer os seus direitos de supervisão política (...) Devemos acabar com a prática de encarar as palavras como crimes", proclama a "Carta 08" .

Liu Xiaobo é doutorado em literatura chinesa. Ensinou numa universidade em Pequim, mas foi banido do ensino oficial pelo seu envolvimento nas manifestações estudantis de 1989, consideradas pelo governo como "uma rebelião contra-revolucionária".

Depois da repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, esteve preso durante cerca de um ano e meio, até ao início de 1991.

Entre 1996 e 1999, foi de novo detido e internado num "campo de reeducação através do trabalho".

Estados Unidos e União Europeia pediram várias vezes a libertação de Liu Xiaobo.

Em Dezembro passado, o porta-voz do departamento norte-americano de Estado disse que um julgamento de Liu Xiaobo "não é próprio de um grande país".

O governo chinês rejeitou as críticas ocidentais ao processo, considerando-as uma "ingerência grosseira nos assuntos internos da China".

A China é hoje uma das mais dinâmicas economias do mundo, mas no plano político, o "papel dirigente" do Partido Comunista continua a ser "um princípio cardinal".

"Este país nunca teve tantas liberdades individuais como agora, mas desafiar o poder do Partido, isso não é, de modo nenhum, permitido", comentou o ano passado em Pequim Sidney Rittenberg, o único cidadão norte-americano autorizado a filiar-se no PCC, na década de 1940.

"Dissidentes são os que insistem em desafiar publicamente o poder do Partido Comunista. Para eles não há justiça", acrescentou.

Ainda não é conhecida a pessoa que irá a Oslo receber o prémio em nome de Liu Xiaobo.

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio