Notícia
Credores aprovam plano para Varig que abre caminho à TAP
Os credores votaram a favor do plano de recuperação da Varig que prevê, essencialmente, a conversão de créditos em acções e a melhoria de geração de tesouraria, mas não detalha novos «apports» de capital. Os interessados, como a TAP, foram chamados a part
Os credores votaram a favor do plano de recuperação da Varig que prevê, essencialmente, a conversão de créditos em acções e a melhoria de geração de tesouraria, mas não detalha novos «apports» de capital. Os interessados, como a TAP, foram chamados a participar no controlo da companhia, disse fonte oficial ao Jornal de Negócios.
O novo plano de recuperação, que foi ontem anunciado por Marcelo Bottini, presidente da Varig, está baseado na criação de FIPs (fundos de investimento e participações).
Será constituído um FIP controlo com o «aportt» de todas as acções das devedoras, tendo como administrador um banco comercial de primeira linha e um gestor escolhido de comum acordo pelos representantes das três classes credoras.
O FIP controlo terá uma participação de cada FIP-crédito constituído. Os FIPs crédito serão criados e regulados por credores que decidirem participar na estrutura convertendo seus créditos actuais.
Além disso, a companhia está ainda aberta a outros investidores, como fez questão de referir Bottini na assembleia.
«Estamos abertos a outros investidores. A TAP é muito bem-vinda, a Mattlin Patterson é muito bem-vinda. (...) Confiem no maior investidor que existe hoje: os funcionários da Varig», revelou Bottini.
Este discurso seguiu-se à rejeição das três classes de credores ao negócio de compra do controlo da Varig por parte do grupo Docas Investimentos de Nelson Tanure. A oposição ao negócio abriu uma nova «janela» de oportunidade para a TAP vir a controlar a Varig.
Como a TAP poderá participar não foi explicitado pela administração da Varig. O plano que foi aprovado também não prevê injecções de capital para recuperar a empresa.
A nova administração sustenta o plano numa recuperação do fluxo de caixa. As despesas do dia-a-dia da companhia serão pagas e os custos totais da reformulação serão absorvidos integralmente no fluxo de caixa. A companhia quer passar de uma margem operacional negativa de 4,6% em 2005 para 8,6% positivos até 2010.
O plano adopta o pagamento integral do Aerus em 2006 com o fluxo mínimo estabelecido. Os demais credores da classe 2, com garantias, receberão os seus pagamentos em sete anos com 36 meses de carência. Os credores da classe sem garantias terão os seus pagamentos em dez anos com 36 meses de carência. A classe de trabalhadores pode converter créditos em acções da empresa.
O plano também prevê que a Varig trabalhe com uma frota de 75 aviões até ao final de 2006.
Sobre as decisões da AG ainda pairam dúvidas. A Tanure procurar anular as decisões tomadas pela reunião de credores no tribunal de Brasília.
Efisa e Credit Suisse
Por esclarecer ficou uma nova injecção de dinheiro que seria da responsabilidade da Aero-LB, sociedade criada pela TAP para comprar a VarigLog e a VEM com os sócios Geocapital de Stanley Ho e dos brasileiros Stratus Investimentos, em troca da antecipação de pagamentos feitos com cartões de crédito Visa.
O jornal brasileiro «Valor Económico» destaca hoje que a nova administração da Varig estaria a negociar essa antecipação com os bancos Credit Suisse e com o português Efisa do grupo Banco Português de Negócios (BPN).
Amanhã, vence uma nova dívida com os credores americanos das empresas de «leasing». Numa audiência em Nova Iorque, a nova administração prepara-se para pagar 45% da dívida com base nesse dinheiro da antecipação de créditos.
VarigLog e VEM
A Varig ainda não anunciou que decisão tomará em relação à recompra da VarigLog e VEM, hoje na posse do consórcio da TAP que pagou 62 milhões de dólares. Com esse dinheiro, a Varig conseguiu pagar às empresas de «leasing» e anular o arresto de até 40 aviões da Varig.
Mas como a operação foi realizado num prazo muito curto, devido à necessidade urgente de dinheiro, ficou estabelecido que, a TAP colocaria à venda esses activos mas ficaria com um direito de preferência face a outros concorrente e direito a uma indemnização de 12,5 milhões de dólares por ter assumido estes activos de uma empresa que estava à beira de falência.
Apenas duas outras propostas foram recebidas, uma de Docas no valor de 139 milhões de dólares e outra, de 77 milhões de dólares, por parte do fundo Matlin Patterson. Como a oferta do Docas era a maior, a administração escolheu-a como vencedora.
Recebida a comunicação, a TAP teve uma semana para analisar a oferta concorrente e chegou à conclusão que a proposta não era válida porque não preenchia os requisitos estabelecidos no contrato.Nem o valor era superior.
A TAP alega que Nelson Tanure só oferece os mesmos 62 milhões de dólares, não ficando reconhecida a disponibilidade de recursos deste grupo para honrar os compromissos.
Por isso, a TAP não apresentou no dia ontem (último dia do prazo) uma decisão definitiva sobre os dois activos. Também o seu posicionamento dependeria da decisão da assembleia de credores que abriu uma nova oportunidade da TAP controlar a Varig.
A administração da Varig tem agora que se pronunciar sobre esta questão.
Maus negócios em participadas
Uma auditoria feita para explicar a actual situação da Varig indica, em quatro anos, até 2003, a Varig assumiu perdas de 160 milhões de reais por negócios danosos feitos por subsidiárias, segundo o jornal «Valor Económico».
*Correspondente em São Paulo