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Costa Silva: Plano de recuperação económica "parte daquilo que existe" em Portugal

Turismo, floresta, engenharia, eletrónica ou moda são algumas das áreas em que Portugal deverá apostar para a recuperação económica, defende António Costa Silva. Em todas elas, é preciso haver "transformação".

21 de Julho de 2020 às 12:23
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O plano de recuperação económica de Portugal deverá partir "daquilo que existe" no país, mas fazendo uma transformação de várias áreas. A ideia foi defendida por António Costa Silva, na apresentação da visão estratégica para o plano de recuperação económica de Portugal 2020-2030, elaborada por si.

"Temos de ter um plano de recuperação que parte daquilo que existe. Mas temos de fazer a transformação daquilo que existe. A clusterização não é suficiente, temos de olhar para as cadeias de valor, temos de olhar para onde nos posicionamos e decidir o que temos de desenvolver para ser mais competitivos", afirmou o gestor durante a apresentação que decorre esta terça-feira, 21 de julho, em Lisboa.

Esses "clusters" que deverão ser aproveitados e transformados para a recuperação económica do país, detalhou António Costa Silva, são aqueles que já estão identificados pelo IAPMEI: fileira florestal, arquitetura, engenharia, construção, aeronáutica, espaço, defesa, indústrias criativas, calçado, moda, mar, recursos minerais, "smart cities", têxtil, saúde, automóvel, agroalimentar, turismo e tecnologias de informação e eletrónica.

Já a transformação destas áreas deve assentar em nove pontos essenciais, a começar pela "renovação da estrutura produtiva", para que esta se torne mais competitiva. Entre outros aspetos, defendeu António Costa Silva, deve passar, também, pelo reforço do investimento em investigação e desenvolvimento e pela criação de produtos e serviços de alto valor acrescentado.

Este último, acredita o gestor e professor universitário, deverá ser um dos principais focos da estratégia para a recuperação económica. "As economias mais ricas do mundo são aquelas que têm uma grande proporção de produtos de grande valor acrescentado", apontou.

Será isso mesmo, aliás, que tem vindo a atrasar o crescimento económico de Portugal nas últimas décadas. "Quando vemos que a capacidade que existe na indústria não se reflete em crescimento, isso deve-se ao facto de os produtos de grande valor acrescentado representarem uma proporção baixa nas nossas exportações. Para além disso, o conteúdo importado, nas nossas exportações, ainda é muito elevado", notou.

E acrescentou: "Temos competências funcionais, sabemos fazer. O que falta são as competências institucionais. Somos um país de muitos 'eus' e de poucos nós. As nossas empresas são muito dispersas, não têm capacidade de se afirmar no mercado global".

Da ferrovia à banca

Para esta transformação, argumentou ainda António Costa Silva, uma das prioridades deverá ser a criação de uma rede ferroviária elétrica integrada com Espanha. Também o alargamento da fibra ótica a todo o país, para que Portugal não se desenvolva "a várias velocidades", a simplificação de processos e o rejuvenescimento da administração pública, o investimento no hidrogénio e a reestruturação do sistema bancário serão "fulcrais" para o desenvolvimento económico do país.

Daqui a dez anos, o gestor espera ter um país com vários objetivos alcançados: uma rede ferroviária elétrica integrada com Espanha; um investimento realizado nos portos; uma aposta forte na qualificação de recursos humanos, "para que Portugal já não seja o pior país da União Europeia em termos de percentagem da população com o ensino secundário"; uma aposta na transição digital, para Portugal chegar a 2030 com 3% do PIB investido em ciência e tecnologia; a continuação da aposta na inclusão social; a reindustrialização, com a criação de mais produtos de alto valor acrescentado. Tudo isto deverá ser feito "em consonância com o programa de transição energética".

"Se, fizermos tudo isso, podemos então dizer que valeu a pena", concluiu António Costa Silva.
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