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Costa diz-se "magoado". Parágrafo da PGR foi "determinante"

O primeiro-ministro questiona se "quem fez o comunicado e a quem tomou a decisão de dissolver a Assembleia da República" fariam "o mesmo perante o que sabem hoje."

Tiago Petinga / Lusa
Negócios jng@negocios.pt 11 de Dezembro de 2023 às 11:25
"Estou magoado, mas não sou rancoroso". Foi assim que o primeiro-ministro se referiu esta segunda-feira ao caso que culminou com a sua demissão. Em declarações à CNN, António Costa questionou se, no âmbito da chamada Operação Influencer, tanto a procuradora-geral como o Presidente da República "fariam o mesmo".

"Hoje faria exatamente o mesmo que fiz no dia 7 [de novembro]. É uma decisão da qual não há retorno. O que pode é perguntar a quem fez o comunicado e a quem tomou a decisão de dissolver a Assembleia da República se fariam o mesmo perante o que sabem hoje."

António Costa referia-se, em concreto, ao último parágrafo do comunicado da PGR que indicava que o primeiro-ministro estaria a ser investigado. Sem isso,  o líder do executivo "aguardaria pela avaliação do juiz de instrução" e não se demitiria.

"Quem a exerce as funções de primeiro-ministro não pode estar sob suspeita oficial. Aquele parágrafo [da Procuradoria-Geral da República (PGR)] foi determinante. E se não tivesse vindo o parágrafo? Estava a ponderar. Provavelmente, aguardaria a avaliação pelo juiz de instrução dos indícios que existiam", disse.

O Governo está agora em gestão. As eleições antecipadas foram marcadas para 10 de março de 2024.

A investigação da Operação Influencer tornou-se pública com a operação realizada em 7 de novembro pelo Ministério Público, que envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado, os administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas.

No total, há nove arguidos no processo, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

O processo está relacionado com a exploração de lítio em Montalegre e de Boticas (ambos distrito de Vila Real), com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projeto de construção de um centro de dados (Data Center) na zona industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

Esta investigação motivou a abertura de um inquérito conexo junto do MP no Supremo Tribunal de Justiça, relacionado com escutas de conversas entre arguidos e o primeiro-ministro demissionário.
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