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Como e quando investir no futuro

O período de vida activa torna-se, com o novo pacote de medidas do governo de José Sócrates, mais extenso. Mas os anos que se seguem, de merecido descanso, não devem ser esquecidos. Em especial, se não quiser perder qualidade de vida.

13 de Junho de 2005 às 12:40
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A incerteza quanto ao que nos reserva o futuro, em termos de rendimentos a usufruir, é um dos factores de maior preocupação para quem se encontra actualmente em plena vida activa. Os receios de que a Segurança Social não seja capaz de fazer face a um esforço financeiro avultado resultante de uma população cada vez mais envelhecida, levou as autoridades de diversos países europeus a tomar medidas.
«A Segurança Social vai, em todos os países europeus, diminuir as prestações por razões demográficas», explicou ao Jornal de Negócios, José Santos Teixeira, da SGF, uma sociedade gestora que se dedica à gestão de quatro fundos de pensões. E é exactamente sobre este tipo de produtos que se pretende falar. Porquê? Porque em termos legais estão qualificados como complementos de reforma e porque os receios existentes noutros países têm eco no nosso país.

Mas o que são, afinal, fundos de pensões? São «patrimónios autónomos, geridos por seguradoras do ramo vida ou sociedades gestoras de fundos de pensões, destinados a financiar exclusivamente planos de reforma por velhice, invalidez ou sobrevivência», explica Pedro Andrade, responsável pela gestão dos fundos de pensões da ESAF. Santos Teixeira complementa, reforçando que se tratam de produtos que incluem todas as classes de activos, ou seja, depósitos ou fundos de tesouraria, obrigações (do Estado ou corporativas) de baixo e elevado risco, fundos imobiliários (cotados ou avaliados) ou imóveis propriamente ditos, acções ou fundos de acções, fundos de fundos, produtos estruturados e investimentos alternativos como «hedge funds».

O que distingue um PPR de um fundo de pensões.

O mercado está hoje inundado de produtos, cujas denominações, muito semelhantes, confundem o aforrador que pretenda transferir para o futuro o usufruto de parte do seu salário actual. E, neste âmbito, coloca-se a questão de saber o que distingue um fundo de pensões de um plano poupança reforma (PPR). O fundo de pensões é um instrumento financeiro de longo prazo (por norma tem um período de vida indetermindado), enquanto o PPR é um produto de investimento a médio prazo, explica o BBVA Pensões, acrescentando que se trata de produtos «sujeitos a regulamentação distinta, quer no que se refere a limites de composição de carteira , quer fiscalidade na óptica do participante quer ainda nos motivos e condições de reembolso». Por seu lado, a ESAF clarifica que «os PPR são planos individuais de reforma podendo inclusivamente revestir a forma de fundos de pensões (podem ainda ser constituídos sob a forma de fundo de investimento ou seguro de vida). Pelo contrário,um fundo de pensões tanto pode financiar adesões colectivas como individuais».

Mas estas não são as únicas diferenças. Os fundos de pensões permitem financiar planos que prevejam o pagamento de pensões de reforma antecipada a partir dos 55 anos de idade. Já o PPR, embora actualmente exista a possibilidade de desmobilização a qualquer momento com penalizações fiscais, prevê o seu reembolso a partir dos 60 anos de idade com um mínimo de 5 anos de permanência. Pedro Andrade explica que, «nos últimos anos assistiu-se a um alargamento dos PPR a levantamentos antecipados para fazer face a despesas com educação em ensino superior ou profissional do participante ou de qualquer membro do agregado familiar, passando, na sua maioria, a designar-se por PPR/E (planos de poupança reforma/educação)».

Pensar na reforma desde o primeiro dia de trabalho.

A idade a partir da qual se deve subscrever um produto a pensar na refoma é uma das questões colocadas com maior frequência. Pedro Andrade responde de forma peremptória à questão: «Hoje! Por duas razões: já não é possível começar ontem e amanhã o esforço será necessariamente maior tendo em conta que tem menos um dia para a idade de reforma».

O BBVA refere que a resposta depende da cultura financeira do participante, mas não deixa de explicar que, «do ponto de vista racional, a subscrição de um fundo de pensões deve coincidir com o primeiro salário, ou seja a programação da reforma deve iniciar-se com a vida activa e merecer tanta atenção como a compra de uma casa e a razão é simples: uma pensão de reforma é um activo de valor elevado, mesmo que não sejamos nós a pagá-lo o seu custo existe e é grande». E os especialistas da instituição financeira acrescentam que «existem basicamente duas formas de adquirir um bem de valor elevado: ter o dinheiro disponível ou fazer um plano de pagamento gradual. A primeira opção está normalmente fora do alcance do cidadão comum pelo que resta a outra alternativa, começar cedo, mesmo que com valores modestos».
Fundos de pensões não são baratos.

Abdicar no presente de uma parte do salário para obter rendimentos adicionais futuros é, para a maioria dos cidadãos, uma opção difícil, em particular porque no início da vida activa os rendimentos auferidos são, na generalidade dos casos baixos e, mais tarde, os rendimentos mais elevados têm subjacentes o pagamento de empréstimos bancários para a compra de casa, carro e a educação dos filhos.

Uma coisa é certa, cada pessoa tem que pensar no esforço que está disposta a fazer para ter uma reforma mais risonha. Os montantes mínimos de subscrição dos fundos de pensões são baixos ou até inexistentes (ver tabela em baixo). E Santos Teixeira refere que cada pessoa pode «aplicar o que quiser, quando quiser» num fundo de pensões. Mas lembra que o montante global acumulado no final vai depender «do total de pagamentos, do tempo em que a poupança for gerida e da taxa de rentabilidade do fundo». A opção de muitos aforradores tem sido a de uma aplicação inicial mais avultada, seguida de novas entregas periódicas. As comissões de subscrição, resgate e gestão cobradas pelas entidades gestoras não são custos a desdenhar, porque muitas vezes «comem» a rendibilidade anual obtida pelo produto. Assim, se pensar em subscrever um destes produtos opte pela entidade que lhe garante maiores rendibilidades e menores custos.

Estar disposto a correr riscos.

A garantia de receber, no mínimo, o montante total entregue à sociedade gestora depende do tipo de fundo de pensões escolhido. Existem fundos de pensões de capital garantido, mas «na prática o que se verifica é que o custo implícito na garantia do capital é muito elevado. Para um subscritor mais avesso ao risco, acaba por ser mais eficiente do ponto de vista económico a adesão a um fundo de pensões conservador, em vez da adesão a um fundo de pensões com garantia», sugere João Pina Pereira, director de investimentos da ESAF.

Os fundos de pensões podem falir?

Santos Teixeira garante que não. Na sua opinião, mesmo que a entidade gestora falisse, o fundo seria transferido para outra entidade. Pina Pereira explica que «os fundos de pensões são patrimónios autónomos geridos por sociedades especialmente constituídas para este efeito e que estão sujeitas à supervisão do ISP (Instituto de Seguros de Portugal) e do Banco de Portugal». «As entidades supervisoras controlam periodicamente, entre outras coisas, o cumprimento das regras de investimento a que cada fundo está sujeito, bem como a capacidade técnica e financeira da sociedade gestora», conclui.

Como é devolvido o montante para a reforma.

O reembolso dos montantes aplicados, juntamente com os rendimentos gerados, por particulares num fundo de pensões pode ser sob a forma de capital, total ou parcial, renda vitalícia, ou ainda uma combinação destas duas modalidades.

Esta decisão deve ocorrer no momento da reforma, mediante acordo entre a entidade gestora, o associado e o beneficiário.

Desempenho dos fundos de pensões abertos - Valores de Maio

 

 

 

 

 

 

 

 

Sociedade

 

 

Montante de

Pré-aviso

Rendibilid.

Nome do fundo

gestora

subscrição

resgate

subsc. Mínimo

reembolso

efectiva

 

 

 

 

 

 

 

BBVA PME’s

BBVA Fundos

1%<x<2%

0%

- 

 Max: 10 d.

1,79

BPI Segurança

BPI Pensões

Max.: 2% 

0%

 1 euro 

 Max: 30 d. 

2,03

BPI Valorização

BPI Pensões

Max.: 2% 

0%

 1 euro 

 Max: 30 d. 

2,6

Caixa Reforma Activa

CGD Pensões

Max.: 5% 

 Max.: 5% 

 10 euros 

-

1,68

Esp. S. Multireforma

ESAF - FP

0%

 Max.: 1% 

 25 euros 

15 dias

1,22

Futuro Clássico

Futuro

0%<x<2% 

0,02%

 500 euros 

10 dias

1,19

VIVA

Futuro

0%<x<2% 

0,02%

 500 euros 

10 dias

1,35

Horizonte Segurança

Pensõesgere

 0%<x<5% 

 0%<x<5% 

 - 

 Max: 10 d. 

1,97

Horiz. Valoriz. Mais

Pensõesgere

0%<x<3% 

 0%<x<1% 

 - 

-

4,54

Horizonte Valorização

Pensõesgere

0%<x<2% 

 0%<x<2% 

 - 

 Max: 6 d. 

3,75

Turismo Pensões

Pensõesgere

0%<x<5% 

 0%<x<5% 

 - 

 Max: 10 d. 

3,77

Reforma Empresa

Santander pensões

Max.: 3% 

 Max.: 1% 

 - 

-

2,3

SGF Empresas  

 SGF

0,5%<x<3% 

 Max.: 3% 

 - 

1 dia

3,08

 

 

 

 

 

 

 

 

Rendibilid.

Último

Últimos

Últimos

Últ. 104

Últ. 260

Nome do fundo

efectiva

ano

2

3

semanas

semanas

 

 

 

 

 

 

 

BBVA PME’s

1,79

4,26

4,08

1,4

2,12

5

BPI Segurança

2,03

6,22

6,06

5,56

1,43

1,89

BPI Valorização

2,6

8,59

7,63

5,48

2,23

4,1

Caixa Reforma Activa

1,68

3,62

3,22

3,53

1,14

 

Esp. S. Multireforma

1,22

4,03

4,35

5,08

1,69

3,04

Futuro Clássico

1,19

3,2

2,8

3,81

1,1

1,81

VIVA

1,35

4,6

4,23

3,57

2,28

3,23

Horizonte Segurança

1,97

5,31

3,47

3,62

1,38

3,59

Horiz. Valoriz. Mais

4,54

7,93

8,1

2,94

4,83

5,93

Horizonte Valorização

3,75

7,13

6,58

3,32

3,14

4,99

Turismo Pensões

3,77

7,47

7,13

2,69

3,16

4,83

Reforma Empresa

2,3

5,7

4,74

2,55

2,16

2,62

SGF Empresas  

3,08

7,84

7,98

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