Notícia
China destaca "salto" na "estratégica" indústria de robótica doméstica
Até há cerca de uma década, a China importava quase todos os robôs industriais utilizados nas suas fábricas. Em 2024, a produção interna aumentou 14,2%, em termos homólogos, para 556.000 unidades.
A tecnologia de robótica da China deu um "salto", e a diferença com os desenvolvimentos e padrões internacionais "diminuiu significativamente", defendeu esta quinta-feira um especialista, à margem da sessão plenária do órgão máximo legislativo do país.
Em conferência de imprensa, Qiao Hong, especialista em indústria de robôs da Academia Chinesa de Ciências, destacou os rápidos progressos realizados pela China e a importância estratégica da robótica para o futuro económico do país.
Até há cerca de uma década, a China importava quase todos os robôs industriais utilizados nas suas fábricas. Em 2024, a produção interna aumentou 14,2%, em termos homólogos, para 556.000 unidades, segundo dados citados por Qiao.
Um robô é qualquer máquina capaz de executar automaticamente uma série de tarefas, e inclui braços robóticos, carros autónomos ou veículos aéreos não tripulados ("drones") militares.
Mas Qiao destacou ainda os avanços do país no segmento de robôs humanoides, que podem utilizar ferramentas e operar em ambientes humanos como casas, hospitais ou lares de idosos.
A utilização destes robôs, com cabeça, tronco, braços e pernas, em fábricas e armazéns, converge com o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial, como o da plataforma chinesa DeepSeek, e pode compensar pelo rápido envelhecimento da população da China, que se assume como um país de "não-imigração".
"Prevê-se que os robôs humanoides se tornem na próxima inovação revolucionária a seguir aos computadores, telemóveis e veículos de nova energia, transformando profundamente a produção, os estilos de vida humanos e a paisagem industrial global", lê-se numa diretriz recente do Ministério da Indústria e das Tecnologias da Informação da China (MIIT).
O mercado de robôs humanoides na China atingiu aproximadamente 2,76 mil milhões de yuan (mais de 350 milhões de euros) em 2024, segundo Qiao Hong.
O especialista destacou o "sistema industrial abrangente" e a "cadeia de abastecimento robusta", que permite ao país produzir eficazmente os componentes e o equipamento completo das máquinas necessárias para os robôs.
Qiao apontou também a escala do mercado interno. "A China tem uma enorme procura de aplicações de robôs em setores como a indústria transformadora, a logística e os serviços. Esta vasta dimensão do mercado e a diversidade de cenários de aplicação na China oferecem um impulso contínuo para a atualização iterativa da tecnologia dos robôs", frisou.
As diretrizes do MIIT incluem objetivos e calendários para o setor, com ênfase no controlo do movimento e na interação homem-máquina. O ministério indicou que, até 2027, os robôs humanoides devem ser integrados nas cadeias de produção "em grande escala" e a sua utilização alargada a "toda a sociedade".
"Devem ser alcançados progressos no desenvolvimento de mãos, braços e pés robóticos, bem como na integração da inteligência artificial", lê-se no documento.
A Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China cuja sessão anual decorre até 11 de março, é descrita pela imprensa oficial como o "supremo órgão do poder de Estado na China" e a "expressão máxima da democracia socialista".
Os cerca de 3.000 delegados à APN, entre os quais uma representação das Forças Armadas, não são, porém, eleitos por sufrágio direto, e o "papel dirigente" do Partido Comunista Chinês (PCC) é "um princípio cardial".
Entre os delegados está a elite política, líderes empresariais, tecnológicos, mediáticos e artísticos do país asiático.
Esta semana, os delegados vão aprovar novas leis, nomeações políticas e relatórios de trabalho do Governo, que detalham o progresso de vários departamentos e ministérios.