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Centeno anuncia medidas para garantir défice abaixo de 3%
O ministro das Finanças diz que um défice de 2,7% não é alcançável e que são necessárias medidas de gestão para colocar o défice de 2015 abaixo dos 3%. Trata-se de congelar verbas e fundos não urgentes da Administração Pública, diz Centeno.
"O que posso confirmar é que não só se confirma a ideia de que o objectivo orçamental para 2015 não foi cumprido", isto é, "o valor de 2,7% não é atingido", como "há a necessidade, para garantir no momento final de apuramento do défice" um valor de 3% pelo menos, de adoptar "medidas adicionais", afirmou Mário Centeno. Segundo o ministro das Finanças, "houve um conjunto de desvios na execução orçamental que justificam o não atingir dos 2,7%". Esses desvios "estão bastante disseminados quer pela despesa quer pela receita", acrescentou.
Ministro das Finanças
Estas são as medidas de gestão "que consideramos necessárias para precaver todo o processo de apuramento do défice", e Centeno confia que serão suficientes para acautelar a saída do país do chamado procedimento europeu dos défices excessivos, que - a concretizar-se - aumentará a margem de manobra do governo ao nível do investimento público. Será "um exercício difícil e exigente para a Administração Pública", diz Centeno. Apesar disso, o ministro acredita que "todas as condições de funcionamento da Administração Pública" estarão garantidas, até porque estas são medidas que incidem "sobre verbas e custos considerados não urgentes".
Centeno não revelou o montante total das medidas nem o défice que aconteceria caso não fossem aplicadas. Limitou-se a referir que violaria o limiar dos 3%.
Pedro Passos Coelho afirmara na semana passada que, quando passou a pasta a António Costa, lhe dissera que, "se quiser ter um défice abaixo de 3% isso está ao seu alcance, mas para o poder alcançar o senhor tem de se empenhar nisso", numa referência à necessidade de exercer grande controlo sobre a despesa do Estado.
"Draft" enviado para Bruxelas até ao fim do mês
As medidas adicionais que o Governo vai adoptar até ao final do ano não vão ter impacto no Orçamento do Estado do próximo ano, afiançou Mário Centeno. "Esta meta que agora nos propomos [3%] não tem, não traz, nenhuma perturbação às medidas a incluir no Orçamento de 2016", afirmou o governante. No Programa de Governo aprovado na semana passada no parlamento, o novo executivo socialista previa já um défice de 3% do PIB este ano e comprometia-se com a sua redução ao longo da legislatura: para 2,8% em 2016, para 2,6% em 2017, para 1,9% em 2018 e para 1,5% em 2019.
O ministro assinalou que o "draft" do OE 2016, o documento com as principais linhas orçamentais, será entregue "até final do ano" em Bruxelas. Já as Grandes Opções do Plano serão entregues "na primeira quinzena de Janeiro". O ministro não esclareceu a data em que o OE vai ser entregue no Parlamento português.As Grandes Opções do Plano são entregues apenas no Parlamento português.
A conferência de imprensa do Conselho de Ministros atrasou-se quase uma hora. Mário Centeno atribuiu o atraso à "complexidade destas questões e reflecte a necessidade de definir este procedimento de elaboração da proposta do OE 2016, que vai ser feito nuns moldes distintos dos habituais", e que enfrenta "o grau de impreparação que encontramos sobre este documento na Administração Pública".
(Notícia actualizada pela última vez às 15:40 com mais informação)