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Centeno defende estabilidade europeia e sugere descida controlada das taxas de juro 

Com a inflação está a descer a um ritmo acelerado "a política monetária terá de responder" e é preciso trabalhar "nos próximos meses para dar estabilidade" a este processo, assegurando a descida das taxas de juro, defendeu o governador do Banco de Portugal numa palestra na Universidade de Warwick, em Inglaterra.

O Banco de Portugal, liderado por Mário Centeno, estima que o aumento acentuado dos custos unitários de trabalho em 2020/2021 tenha sido absorvido nas margens de lucro das empresas.
Miguel Baltazar
03 de Fevereiro de 2024 às 12:02
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O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu hoje a Europa como o "pilar de maior estabilidade no mundo" e a necessidade de as taxas de juro descerem de forma controlada.  

Perante uma audiência de estudantes da Universidade de Warwick, em Inglaterra, durante uma palestra na conferência Warwick Economics Summit, Centeno referiu que "a Europa tem sido o pilar de maior de maior estabilidade no mundo nos últimos quatro anos". 

Agora que a inflação está a descer a um ritmo acelerado "a política monetária terá de responder", afirmou, defendendo que é preciso trabalhar "nos próximos meses para dar estabilidade neste processo e garantir que quando as taxas de juro tiverem de descer, vão descer". 

No entanto, a necessidade de estabilidade poderá implicar manter as taxas de juro durante algum tempo "para garantir que não caímos em deflação", avisou o governador.

"A deflação é muito má para o sistema económico", vincou, salientando que a política monetária "não depende de um único número ou dado, é abrangente" e que é o resultado de muitas variáveis. 

Na intervenção, intitulada "Política Monetária e o Mercado de Trabalho europeu", Centeno disse estar preocupado com a falta de crescimento europeu há cinco trimestres porque esta poderá resultar em desemprego. 

"Se a economia europeia não começar a crescer, isso vai ter de refletir-se no mercado de trabalho e os bons números registados recentemente podem não manter-se no futuro próximo se a economia europeia não começar a crescer", explicou. 

O governador do Banco de Portugal adiantou que o próximo passo será procurar dar novo dinamismo à economia europeia e perceber que "tipo de estímulo a economia europeia vai precisar no futuro próximo". 

"Sei que alguns [estímulos] vão resultar da politica monetária", admitiu, reconhecendo que a expetativa é que, a certa altura, as taxas de juro tenham de descer. 

O antigo ministro das Finanças português tentou explicar que a cautela dos bancos centrais se deve à conjuntura de pressão para aumentos salariais, os quais podem resultar em mais inflação, desencadeando uma espiral difícil de conter. 

"Quando os salários sobem, os preços sobem. Isto é um circulo não virtuoso na nossa economia, a que chamamos efeitos de segunda ordem. Os efeitos de segunda ordem são muito prejudiciais para a capacidade dos bancos centrais controlarem a inflação", salientou. 

Centeno falava durante uma palestra na Warwick Economics Summit, uma conferência organizada por estudantes da Universidade de Warwick sobre economia e política internacional.

A 23ª. edição da Warwick Economics Summit decorre até domingo e teve entre os oradores o Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, na sexta-feira.
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