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Carlos Tavares: “Sacrifícios dos portugueses já estão a ter resultados”
O presidente executivo da PSA, o português Carlos Tavares, disse esta quinta-feira que os sacrifícios que os portugueses estão a passar “estão a ter resultados”. O gestor diz que isso é visível nos resultados que o país está a atingir nas exportações.
“Os portugueses estão a passar por muitos sacrifícios, mas há uma altura em que eles vão dar resultado. Aliás já se estão a ver porque a competitividade do país como pólo de exportação esta a ficar visível. E haverá um momento em que essa competitividade vai puxar o país para cima”, acredita Carlos Tavares.
O gestor numa mesa redonda com jornalistas, e questionado se as mudanças no mercado laboral Portugal estavam a dar passos mais firmes do que França no que à flexibilidade diz respeito, respondeu afirmativamente. “Estamos melhor do que em França”.
No entanto, referiu inúmeras vezes a importância da flexibilização das relações entre empregadores e trabalhadores. E ligou esta realidade à capacidade que o País tem para exportar, nomeadamente no sector em que trabalha. “A indústria automóvel só tem futuro se pudermos exportar. Só o podemos fazer se formos muito competitivos em termos de custos laborais”, invectivou.
Tavares deu o exemplo de situações em que há um cliente quer um conjunto de cinco mil automóveis, mas apenas “se [a fábrica] respeitar um conjunto de prazos”. E explicou que para que isso “seja possível é preciso ir buscar recursos humanos que permitam caçar esse negócio”.
“Temos de ter uma flexibilidade no mercado de trabalho que nos permita empregar essas pessoas para ir buscar esse negócio. Quando estão na empresa recebem os seus ordenados, e vão à sua vida. Mas se não houver possibilidade para continuar esse negócio temos de ter capacidade de voltar a adaptar a nossa força laboral. Quanto mais flexível for o mercado de trabalho, mais se vai à procura dessas oportunidades”, acrescentou.
Posteriormente traçou comparações entre o que acontece em Portugal e no resto da Europa e do Mundo no que concerne aos custos laborais. “Dentro do perímetro europeu a nossa competitividade é razoável. Está ao mesmo nível da Europa de Leste, mas é duas vezes superior de países como Marrocos. Temos de ter essa relatividade bem presente”, declarou.
O engenheiro português reconheceu que o tema das relações laborais é “difícil e emocional”, mas trabalhar na flexibilidade do mercado de trabalho “é um tema que permite as nossas empresas progredir”.
Indústria automóvel tem via única: a exportação ou a morte
Carlos Tavares abordando quais os planos que a construtora francesa tem para Portugal, começou por contextualizar que em 2020 a indústria espera vender em todo o mundo 100 milhões de carros. Em Portugal, este ano, o mercado irá vender 150 mil unidades.
A discrepância de números, leva-o a uma conclusão. “É uma verdade aritmética que temos de encarar”, frisou. Daí parte para outra ideia, “a indústria automóvel em Portugal só tem futuro se pudermos exportar. Só o podemos fazer se formos muito competitivos em termos de custos laborais”.
Outro factor determinante para a competitividade do País é a rede de transportes. No caso da PSA, a ligação ferroviária entre Mangualde e Vigo “Gostaríamos de melhorar as nossas capacidades de exportar os nossos automóveis que saem de Mangualde para o porto de Vigo”, adiantou.
Tavares disse que a equipa local da PSA está em conversações com Governo para que haja uma ligação por comboio que permita chegar a Espanha. “Conseguir transportar os carros do interior do País para o porto mais próximo é um factor de competitividade e obviamente esse é um diálogo que as nossas equipas tem com os nossos governantes”, finalizou.